domingo, 29 de abril de 2012

Eu também quero um Camaro!

Eu realmente quero um Camaro, você quer me dar um?

Segunda, 11h30 da manhã. Eu dentro de um ônibus Inter 2, o famoso falcão prateado, com uma raiva absurda porque meu carro estava no conserto, ironicamente por um Inter 2 ter batido nele. Quando estou passando em frente a Assembléia Legislativa do Estado do Paraná me deparo com a visão: um Chevrolet Camaro, novinho em folha, amarelo, adentrando no estabelecimento. Meu primeiro pensamento foi "uau", meu segundo "como eu queria ter esse carro" e o meu terceiro foi "esse cara deve ser um deputado", e foi a partir daí que comecei a ficar realmente com raiva, e vou lhe dizer porque.

Muito provavelmente o dono do Camaro deve ser mesmo um deputado, vamos supor que seja mesmo, é nesse ponto que está minha indignação, adivinhe com o dinheiro de quem que ele comprou esse Camaro? Se você respondeu "com o meu dinheiro", certa a resposta (se você for paranaense é claro, mas se não for use a mesma analogia para seu estado). Mas qual é o problema? Afinal de contas ele ganha o salário e pode fazer o que bem entender com o dinheiro. Fato, por isso o questionamento não é o Camaro em si, mas o modo como ele conseguiu aquele carro.

O Inter 2 estava cheio, deveria ter umas 50 pessoas dentro do veículo, todas estas pessoas pagam impostos, direta ou indiretamente. Um deputado recebe mais ou menos R$ 23 mil por mês (mais benefícios), e o carro custa em média uns R$200 mil. Todos estes milhares de reais foram pagos pelas 50 pessoas do Inter 2, juntamente, é claro, com os mais de 9 milhões de habitantes do estado. Agora vem a pergunta: é justo que aquelas 50 pessoas, que estão se espremendo dentro de um ônibus, paguem para que alguém, que não produz absolutamente nada, ande confortavelmente em um Camaro? Muitos ali provavelmente sonham com aquele carro, mas não podem pagar, e acabam pagando para um cara que eles nem conhecem o ter, isso não me parece nada justo. Imagine você, que espreme o orçamento para conseguir pagar as prestações de um VW Fox saber que um cara que nem sequer sabe seu nome está usando seu dinheiro para comprar um Chevrolet Camaro? Imagine que, na verdade, enquanto você paga uma prestação de R$500,00 no seu carro você está pagando junto a prestação do carro desse cara, só que a prestação dele é mais salgada, é uns R$2.000,00 é exatamente isso que você está fazendo.

Parece futilidade falar de um carro, mas isso é apenas um exemplo. Um grupo de pessoas pagar para que uma minoria tenha os luxos que a maioria apenas sonha em ter é muito absurdo, beirando o surreal. É verdade que diluído entre os milhões de paranaenses o preço daquele Camaro é quase nada por habitante, mas não é só o Camaro que ele compra com seu dinheiro. Ele compra tudo com SEU dinheiro, ele e todos os outros deputados, assim como os assessores, os assessores dos assessores, os secretários e todos os outros funcionários que não tem utilidade nenhuma senão comprar Camaros com o SEU dinheiro.

Eu não sei quanto a vocês, mas já estou cansado de dar carros de luxo a pessoas que sequer me conhecem para fazer coisas que nunca pedi. Estou farto de ouvir esquemas de corrupção que só mostram como o Estado não consegue resolver seus próprios problemas e que está pouco se lixando para a opinião de seus fornecedores, no caso todos nós. Cansado de ver ser criadas leis imbecis e sem utilidade nenhuma e saber que estou financiando aquilo. Na próxima vez que pagar seus impostos lembre-se de que o que você realmente está fazendo é financiar a festa de pessoas que você nunca viu na vida. Toda vez que você privar seu filho de sair porque o orçamento estourou, lembre-se disso. Toda vez que não puder comprar uma nova TV porque as prestações não cabem no seu salário, lembre-se disso. Toda vez que você pagar as prestações de seu carro, lembre-se disso.

Lembre-se e saiba que você não é o único, que assim como você milhões de outros estão fazendo a mesma coisa, privando suas vontades para que outros possam gozar de privilégios que a maioria da população só vai encontrar nos sonhos. Qual a solução para isso? Votar melhor? Escolher os "menos piores"? Não! A solução para isso é você se conscientizar de que seu dinheiro não nasce em árvore e que os políticos estão muito grandinhos para serem alimentados por você.

domingo, 17 de julho de 2011

日本おめでとう¹

Japonesas campeãs do mundo


Hoje a seleção japonesa de futebol feminino sagrou-se campeã mundial ao bater os EUA nos pênaltis após um empate de 2X2. Um jogo muito bom que mostrou mais ou menos como foi esta copa que foi organizada na Alemanha. As japonesas mereceram o título ao demonstrar um bom futebol que por várias vezes dava pra até dizer "arte". Já as americanas se contentam em fazer um jogo pragmático e de resultado que pode até não ser bonito, mas funciona. A Copa do Mundo de 2011 foi muito boa e cheia de boas surpresas. Bons jogos e boas jogadoras apareceram no cenário mundial, mas muito do amadorismo que, infelizmente, ainda impera no futebol feminino foram mostrados nesta edição. Destaco aqui a capitã do Japão, Sawa, que fez uma excelente copa e acabou como artilheira (com um golaço de calcanhar na final) e nos EUA destaco a meia-atacante Ranpinoe, que fez um excelente copa sempre entrando no 2º tempo. O Brasil decepcionou mais uma vez, mostrando que falta muito para chegarmos a um nível mundial, mas a Marta jogou demais mais uma vez. Prometo fazer uma análise mais profunda do mundial, mas por enquanto só venho parabenizar as campeãs japonesas, que jogaram muito e mereceram o título, parabéns! E pra mim ficou uma pergunta que ainda não tenho resposta: Por que o futebol feminino não é tão valorizado quanto o masculino? Pra quem gosta de futebol a copa foi um prato cheio, pena que vivemos em mundo onde ainda impera o machismo.

¹Parabéns Japão

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

É o fim...


Última edição do jornal impresso ainda não tem data definida

O jornalismo impresso está realmente morrendo. Paulo Pimentel, presidente do grupo que gere o jornal "O Estado do Paraná" disse, em entrevista à CBN que o periódico não irá mais circular em sua versão impressa, depois de 59 anos. No entanto, Pimentel afirmou que a versão on-line continuará ativa e que não haverá demissões, pelo menos não na redação, além disso também garantiu que o outro jornal do grupo, a "Tribuna do Paraná", continuará circulando normalmente. A pergunta que fica é aquela já clássica: "O jornalismo impresso vai acabar?" vamos esperar para ver o que o tempo nos reserva.

Thank you for playing!


Cartaz com propaganda do PONG, primeiro jogo de video-game a fazer $uce$$o

Com certeza alguém já perguntou para você questões como: "qual sua música favorita?" ou "qual seu filme favorito?" ou ainda "qual o seu livro predileto?", mas com certeza poucas pessoas perguntaram para você "qual o seu jogo de video-game favorito?". Esta pergunta até pouco tempo atrás se restringia a pequenos guetos de garotos adolescentes que passavam tardes inteiras na frente da TV sem ver nenhum canal, apenas criando uma narrativa nova das histórias pré-moldadas de seus jogos favoritos. Mas o fato é que "essa coisa de criança" cresceu e hoje é uma das indústrias de entretenimento mais importantes do mundo. O video-game hoje é uma indústria bilionária e a cada ano o número de jogos aumenta, assim como suas vendas. No entanto, faltam ainda estudos sobre este modo de entretenimento, além de sobrar preconceito para os que jogam. O fato é que pesquisas já mostraram que quem é praticante dos jogos eletrônicos tem uma melhor memória e também desenvolve a inteligência, além de ser extremamente divertido (e estressante também, vamos ser sinceros). Desde o tempo do saudoso Atari, passando pela gloriosa fase dos fliperamas, perambulando com a época do "soprar a fita", chegando à era dos CDs e finalmente aterrisando na terra dos jogos por movimento este bem cultural despertou em milhões de jovens (e adultos) uma paixão incontrolável que resistiu aos anos e é viva até os dias de hoje, tanto nos consoles como na web. Alguns saudosistas (eu incluso) vão dizer que antigamente os jogos eram melhores, mais difíceis e que havia uma maior integração dos gamers, mas é fato que hoje jogos como GTA, Halo, World of Warcraft e tantos outros, já fazem parte da nossa cultura popular. Para celebrar e mostrar isso ao mundo, foi inaugurado no dia 20 de janeiro em Berlim, Alemanha, o museu do video-game (Computerspiele museum - em alemão). O museu reúne fliperamas, jogos e até documentos escritos que fizeram a história do video-game. Bom, poderia ficar aqui falando horas sobre a história do video-game e sobre jogos clássicos, mas infelizmente o tempo não permite, por isso vou abrir aqui no blog uma nova sesão, chamada "Jogos Clássicos", no qual vou relembrar alguns jogos que fizeram história e mostrar alguns do presente. Enfim, a notícia está dada, quem puder ir até o museu não perca a oportunidade, quem não puder aí vai o link da página para uma visita virtual (http://www.computerspielemuseum.de/index.php?lg=en) e, só para constar, esse não foi o primeiro museu sobre esse assunto, mas é o único que está aberto, em Paris, França, havia também um museu do video-game que hoje está aberto apenas na internet, aí vai o link (http://www.museedujeuvideo.com/). Então é isso pessoal e se lembrem, continuem jogando, tanto os clássicos como os novos jogos porque The Game is not Over!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Abemus novo país!

Antes de mais nada um feliz 2011 para todos!

O primeiro post do ano tem a ver com um momento histórico. Neste domingo dia 09/01 começou a votação do referendo que pode criar um novo país no mundo: o Sudão do Sul. A votação vai até o dia 15/01 e a expectativa é de que realmente ocorra a independência. Desde sua independência, em 1956, o maior país da África teve vários conflitos internos. Diferenças culturais e religiosas fizeram diferentes regiões brigarem entre si. O Sudão do Sul, de maioria cristã e culturalmente africano, revoltou-se com o norte, de maioria islâmica e culturalmente árabe, além disso, na região sul do país, que ganhou autonomia no início de existência do Sudão, foi descoberto petróleo, o que fez com que houvesse uma pressão maior pela centralização do poder, piorando ainda mais a guerra. Os conflitos se itensificaram quando o atual presidente do país, Omar Hassan Al-Bashir, assumiu o poder depois de um golpe de Estado e obrigou a todo o país a seguir as leis islâmicas. Regiões com predominância de maioria cristã ou de crenças tradicionais africanas se rebelaram ainda mais e a guerra civil aumentou. Além do Sudão do Sul, a região de Darfur, oeste do país, também se revoltou, mas lá houve criação de milícias que eram favoráveis a Cartum e com isso ocorreu um massacre classificado por muitos como genocídio (mais de 300 mil pessoas morreram). Por conta disso, o presidente do Sudão foi indiciado pelo Tribunal Internacional de Haia e foi o primeiro chefe de Estado a ser condenado a prisão pelo Tribunal, prisão que obviamente nunca foi feita. Após tantos anos de guerras, em 2005 os conflitos cessaram no Sudão do Sul, e como parte dos acordos de paz, um referendo foi marcado para 2011 com o objetivo de deixar a população votar e decidir se quer ou não a independência. Como a maioria da população é analfabeta, as cédulas tem duas figuras para que as pessoas decidam: uma mão para independência e duas mãos dadas pela manutenção da união. O grande temor é de que com a independência sentimentos de ódio contra "árabes" no sul e "africanos" no norte aumentem e o possível governo do novo país já pediu ajuda internacional para resolução destes problemas. A região de Darfur continua como parte do Sudão, mas também tem movimentos separatistas.

Dados sobre o novo país


Bandeira do Sudão do Sul

Nome oficial: Sudão do Sul
Área: 619.745 km²
População: 8.260.490*
Línguas oficiais: Árabe e inglês (outras línguas regionais são reconhecidas)

*Os dados sobre população são imprecisos, para os governantes do Sudão do Sul a população é de cerca de 11 a 13 milhões.

Outros posssíveis países

Novos
países podem surgir nos próximos anos, veja abaixo uma lista do que podem ser novas atualizações em seu atlas:

Palestina (Ásia - Oriente Médio)
A região briga por sua independência desde a criação de Israel, em 1945, mas os conflitos com o vizinho não parecem estar perto do fim.

Kosovo (Europa - Parte da antiga Iuguslávia)
Jé é reconhecido por grande parte dos países, mas a Rússia impede sua entrada na ONU

Somalilândia (Chifre da África)
É parte da Somália oficialmente, mas se auto declara independente. Esta região é um oásis de tranquilidade dentro da Somália. Enquanto o Somalilândia tem um governo democrático instaurado, a Somália não tem governo e é um dos países mais hostis do mundo.


Chipre do Norte (Mediterrâneo)
De maioria turca, parte norte da ilha do Chipre é reconhecida apenas pela Turquia.

Groenlândia (Ártico)
A maior ilha do mundo almeja a sua independência e sua população já disse sim. Em um referendo sobre o autogoverno da ilha, 75% da população (cerca de 20 mil pessoas) votaram no sim. Nos próximos anos é esperado maior autonomia do lugar com uma possível independência em um futuro próximo.

Catalunha, País Basco e Galícia (Espanha)
A Espanha nunca foi um país só. Suas regiões brigam até hoje por independência e houve até guerra civil. Hoje o ETA (grupo terrorista basco) ainda luta com armas, mas é na política que as batalhas acontecem na maior parte do tempo.

Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte (Reino Unido)
O Reino Unido nunca foi propriamente unido também. A Escócia há tempos pede referendos pedindo separação e o caminho da independência parece mais certo. País de Gales não tem tanta vontade de se ver livre assim e a Irlanda do Norte tem conflitos religiosos entre católicos e protestante que empurram uns para a união com a República da Irlanda e outros para manutenção do status quo.

Ex-repúblicas soviéticas
Os locais onde a União Soviética existia estão cheios de movimentos separatistas. O que ganhou maior notoriedade foi o da Ossétia do Sul, que declarou independência da Geórgia com apoio da Rússia e assim gerou uma guerra entre os dois países. Partes da Moldávia, Azerbaijão, outras regiões da Geórgia e da própria Rússia também almejam serem livres.

Coréia
Um dos poucos casos de união. No último ano as duas coréias se aproximaram e depois criaram mais conflitos políticos. Não se sabe ainda se o "casamento" vai acontecer ou se a Guerra da Coréia, que ocorreu na década de 1950, vai recomeçar. O fato é que os dois países na verdade deveriam ser um e pode ser que isso aconteça nos próximos anos, ou décadas.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sessão Ateísmo - Esclarecimentos

O último post da sessão resultou em comentários negativos dos milhares de leitores do blog (quem dera!), então vim postar aqui esclarecimentos sobre a sessão. Como disse, lá no primeiro post desta série, o objetivo dela era de mostrar coisas engraçadas, interessante ou pertinentes dos blogs sobre ateísmo. Também já falei lá sobre minha posição filosófica sobre o metafísico, mas vamos falar de novo. Sou agnóstico, e o que isso significa, além de uma palavra bonita? O significado literal vem do grego A = não, gnose = conhecimento, ou seja, um agnóstico é alguém que não tem conhecimento sobre o metafísico, o transcendental. Existem várias maneiras de se encarar o que foge a nossa compreensão. Você pode acreditar que o transcendental é composto de um único Deus, como cristãos, muçulmanos e judeus; pode crer que na verdade haja um panteão de deuses, como hindus; pode crer que o transcendente seja apenas o seu espírito, como budistas, confucionistas e taoístas; que seja uma relação com os antepassados, como xintoístas; que seja uma relação com a natureza, como animistas; que o transcendete sequer exista, como os ateus; ou você pode simplesmente dizer "eu não sei", como os agnósticos. Mas este não saber dos agnósticos não quer dizer que ficamos em cima do muro, flertando com os dois lados da "história", quer dizer que realmente não sabemos, e provavelmente nunca iremos saber, sendo assim, todas estas possibilidades são apenas isso: possibilidades. Nenhuma esta certa ou errada, são apenas pensamentos baseados na fé particular de cada um. Mas, ateus e agnósticos tem algo em comum (não por acaso são contados juntos nos censos de todos os países, assim como pretos e pardos são contados como negros aqui no Brasil) que é o ceticismo. Duvidar e questionar sempre é o que nós fazemos. Não aceitamos dogmas ou verdades absolutas, pois sabemos que isso não existe, mas isso não quer dizer que saímos por aí quebrando símbolos religiosos ou pregando ódio à religião, muito pelo contrário, quem geralmente faz isso são os próprios religiosos, que não aceitam a opção de fé do outro. Mesmo assim, o vilão da história sempre é o ateu. Ser ateu, para muitos religiosos, é pior do que qualquer coisa. Não importa o crime que você cometeu, se você "aceitar Jesus em seu coração" estará salvo, mas, se você for uma boa pessoa, fazer o bem, mas não acreditar em Deus, então você é o pior ser do mundo. Religião não define caráter. O fato de uma pessoa ser ateu ou agnóstico não diz nada sobre sua índole. Muitas pessoas chegam até a excluir as pessoas de seu círculo social só porque estas não tem a mesma relação com o sagrado que ela tem, o que é lamentável. Em uma pesquisa feita no EUA, apenas 13% da população votaria em um ateu ou agnóstico para Presidente, porcentagem que provavelmente seria semelhante aqui no Brasil, mostrando que os que sofrem maior preconceito somos nós. Nunca vi nem tive notícia de nenhum ateu ou agnóstico destratar ou ridicularizar a fé de algum amigo, mas sei de vários casos que pelo simples fato de alguém se assumir como não crente perder amigos e ser afastado de pessoas. Pessoalmente, respeito todas as religiões, enxergo nelas o que há de melhor e vejo que a fé não é algo desprezível ou ignorável, mas sim algo útil que traz conforto e paz para milhões de pessoas, isso é inegável. O que é imcompreensível é estas mesmas pessoas odiarem outras pessoas simplesmente por elas terem posições religiosas diferentes, sendo que, no fundo, todos somos agnósticos, já que realmente não sabemos. Resumindo tudo, o que eu quero dizer é que o que posto aqui não tem como objetivo ofender ninguém, mas sim gerar reflexão sobre sua própria fé ou sua não fé, seja com ou sem humor. E sempre lembrando: religião não define caráter. Não sou religioso, mas sou uma boa pessoa. Se ser ateu ou agnóstico definisse se uma pessoa é boa, então o que dizer de Betinho, que iniciou no Brasil o movimento do natal sem fome e era ateu, ou o médico sanitarista Dráuzio Varella, que fez várias campanhas sobre doenças infecto contagiosas por todo o Brasil. Mesmo fazendo isso, salvando milhões de vidas, só por serem ateus/agnósticos isso torna eles pessoas más e cruéis? Como o próprio Varella disse: "Não sou religioso. Respeito todas as crenças, mas os religiosos não têm nenhum respeito pelas pessoas sem fé. Quando digo que não tenho religião, acham que sou imoral. É como se eu tivesse parte com o diabo". Poderia aqui seguir com uma lista interminável de "malditos" ateus e agnósticos que fizeram o bem no mundo, assim como uma lista, também interminável, de religiosos que cometeram genocídios ao redor do mundo. Sou agnóstico e admito que não sei, respeitando todas as opções religiosas que as pessoas fazem, já que isso é uma opção de fé, e é uma possibilidade. Como o cientista, agnóstico, norte-americano, Carl Sagan, grande dissiminador da ciência disse "a ausência da prova não é prova da ausência", mas ele também disse "é preciso manter sua mente aberta, mas não tão aberta que seu cérebro caia" e, como disse o também agnóstico Albert Einstein "nunca perca a curiosidade sobre o sagrado", por isso eu sempre vou gostar de discutir religião e sempre vou respeitar a fé das pessoas, mas não vou deixar de questionar nem de fazer humor das incoerências das religiões. Para terminar, segue um vídeo de uma piada sobre ateus, pra mostrar que eu também tiro onda com minha própria escolha, quem já me conhece já me ouviu contar essa e sabe que sempre respeito a posição religiosa dos outros, e sempre discuto, questiono e brinco, da minha posição filosófica também, afinal, como diria os Scorpions, "todos nós somos apenas poeira no vento". Agora seguimos com nossa programação normal.


Sim, nós rimos de nós mesmos também

P.S.: Vi no Bule Voador

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Por que as abelhas não vão para o paraíso?

Este vídeo é muito engraçado e tem um ponto interessante, porque, na grande parte das religiões, o homem é visto como o propósito do universo? É uma prepotência sem tamanho do homo sapiens que, comparado a outros animais, está no mundo há muito pouco tempo. Quanto mais penso nisso mais sem sentido se torna a questão do "paraíso", e se pensarmos, o que uma abelha teria que fazer para ir para o céu? O que faz uma lesma ser uma "boa" lesma? É engraçado, mas quem acredita pode acreditar a vontade, afinal, estamos, teoricamente, vivendo no mundo livre. Assistam, comentem e riam, ou chorem, como preferirem.



Por que as codornas não vão para o céu???

P.S.: Vi no Bule Voador

domingo, 21 de novembro de 2010

Cuidado com o facismo!

Sei que estou devendo textos, mas agora a desculpa oficial é verdade: estou mesmo sem tempo. Mas essa entrevista me interessou e decidi postar. É uma entrevista com um filósofo, professor da Universidade de Campinas sobre o perigo ideológico que estamos vivendo hoje no mundo. Concordo com ele, hoje o mundo parece estar se voltando novamente ao totalitarismo, mesmo depois de o comunismo e o nazi-facismo terem falhado e mostrado que não servem pra nada. Xenofobia, preconceito, medo de perder empregos, tratar o adversário como inimigo a ser batido, imaginar que sua ideologia pode salvar o mundo, colocar interesses coletivos acima dos individuais e depreciação do liberalismo fazem com que a democracia seja corroída cada vez mais. É preciso que retomemos o valor da democracia e da liberdade, que parece que se perderam no tempo, se é que elas um dia existiram. Está na minha definição que sou liberal e acredito que esse pensamento é o que mais faz sentido no momento em que queremos pensar uma sociedade, já que sem liberdade individual o homem passa a ser apenas uma marionete, seja do sistema capitalista ou do socialista. É preciso que a liberdade seja respeitada em todos os aspectos, as pessoas devem ser livres para pensar e para ir atrás de seus sonhos, desde que respeitem a liberdade dos outros, o Estado só deveria servir para garantir que isso acontecesse, não para alguns, mas para todos, dando direitos e deveres iguais. O problema não é o sistema. O capitalismo nos permitiu ter uma vida bem melhor que qualquer outro sistema fez na História, e em pouco tempo. O problema é como esse sistema é gerido, e hoje, infelizmente, a liberdade não é levada a sério como deveria ser, ela não é de fato para todos, mas não é por isso que vamos abandoná-la por completa e dizer "já que poucos tem então vamos acabar com ela", deveria ser nossa missão lutar para que todos tenham, e a democracia é o caminho pra isso, um caminho difícil e longo, mas seguro. Segue a entrevista.

http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1069982&tit=Ideal-fascista-esta-sendo-retomado-alerta-filosofo

Ideal fascista está sendo retomado, alerta filósofo

Roberto Romano, professor de Ética e Ciência Política da Unicamp
Publicado em 21/11/2010 | Rogerio Waldrigues Galindo

Um velho espectro político volta a rondar o mundo ocidental, com riscos inclusive ao Brasil. E seu nome é fascismo. O alerta é do filósofo e professor de Ética e Ciência Política Roberto Romano, da Unicamp. Ele vê na atualidade o renascer de uma preocupante onda de interesse acadêmico por obras de intelectuais que ajudaram a construir a base teórica dos Estados totalitários surgidos na Alemanha e na Itália no período entre as duas Guerras Mundiais.

O ponto principal de preocupação de Romano é o interesse renovado pela obra do jurista e filósofo Carl Schmitt. Autor “maldito” durante muito tempo por defender a ditadura como melhor forma de governo, o teórico alemão começa a ser revisto em universidades. A intenção seria aproveitar algumas ideias dele, jogando “a parte podre fora”. Para Roberto Romano, porém, isso é inviável.

Segundo ele, em boa parte dos casos, os defensores de Schmitt surgem de “órfãos de Marx e do stalinismo” – ainda interessados em derrotar o liberalismo.

Romano diz ainda que o temor com o renascimento dessas ideias é ainda maior diante do clima de irracionalismo criado por alguns fanáticos religiosos, da alta taxa de desemprego, do enfraquecimento dos Estados nacionais e da violência social do mundo atual. Ele afirma também que a visão do adversário político como inimigo a ser derrotado, perigosamente inserida na campanha presidencial brasileira deste ano, é uma amostra do risco do renascimento de radicalismos totalitários no país.

O senhor afirma que há um renascimento do interesse pelo pensamento nazista no mundo. De onde vem esse interesse?

Da perda dos paradigmas éticos e políticos que nortearam os séculos 19 e 20. Com o enfraquecimento do liberalismo no início do século 20, surgiram propostas de ordenamento da sociedade com maior ênfase nos coletivos, e não tanto nos indivíduos e grupos. A sociologia romântica acentuou os laços comunitários contra a vida urbana e industrial, com seu “Estado máquina” [nazifascista]. Essa sociologia é um dos muitos pontos que ajudaram a edificar, nos estratos mais reacionários, uma ideia de coesão e disciplina vertical. E, nesta ideia, a vontade seria a diretriz, não a racionalidade.

De modo geral, [György] Lukacs [pensador marxista húngaro] descreveu a mudança de modelos, do racional para o irracional. Ele mesmo, como discípulo de [Max] Weber [alemão, considerado o pai da sociologia], havia procurado uma saída para a ordem mecânica e burocrática do mundo moderno. Encontrou na revolução proletária internacional. Na outra ala dos seguidores de Weber, na sua direita, encontravam-se sociólogos e juristas reacionários como Carl Schmitt. Schmitt, que também criticava as formas mecânicas e liberais, serviu momentaneamente aos nazistas.

Nos anos 70 do século 20, pensadores que, na esteira da crítica à União Soviética deixaram de aceitar pressupostos do pensamento marxista, passaram a ver nos escritos de Carl Schmitt um instrumento para continuar a recusa do liberalismo. Órfãos de Marx e do stalinismo, eles acentuam a resistência às formas liberais do Estado, sem no entanto acreditar mais numa “revolução proletária internacional”. Esses escritores ajudam a estabelecer o relativismo, a corrosão dos padrões éticos e se colocam como geradores do éter de ideias que paira sobre os movimentos nazifascistas. É preciso lembrar que esses movimentos jamais deixaram de existir na Alemanha, na Europa, no mundo. Os demais, não saídos do campo marxista, partilham os mais variados matizes do pensamento conservador ou francamente reacionário, não aceitam as luzes, a democracia, etc. Estes últimos são os que mais gasolina injetam nos movimentos irracionalistas e fascistas que hoje se apresentam na cena mundial.

Quais são os indícios desse novo interesse por esse pensamento?

Obras de autores como Schmitt são editadas na Europa, na Ásia, nos EUA, na América do Sul. Seminários, publicações jurídicas ou supostamente filosóficas se espalham, sempre com o mote de, inicialmente, livrar Schmitt e seus pares da “pecha” de nazistas. Teses universitárias surgem, e tomam como dados inquestionáveis os dogmas do decisionismo político e jurídico; as teses sobre a política como exercício da inimizade; os “desvios” da modernidade no pensamento liberal e socialista democrático, etc.

O que pregam esses intelectuais?

Pregam o afastamento imediato das mediações jurídicas e políticas liberais e o reforço do poder decisório dos líderes que movem o Executivo. Em suma, pregam a ditadura do Poder Executivo nas matérias estratégicas dos países, em detrimento do Legislativo e do Judiciário.

O senhor afirma que os intelectuais que tentam fazer um “renascimento” da obra de Carl Schmitt tentam separar o resto de sua obra, evitando a defesa da ditadura, por exemplo. Isso é possível?

Não. Mesmo autores irracionalistas escrevem textos que se caracterizam como um todo. Impossível arrancar do decisionismo schmittiano a sua atribuição ao chefe de Estado de poderes ditatoriais.

Qual o risco real de um grupo de intelectuais defenderem ideais como os que levaram à ditadura de Hitler na sociedade atual?

Embora a conjuntura seja outra, e não exista mais a bipolaridade geopolítica entre comunismo e nazifascismo, a crise que gerou naquela época os movimentos totalitários se apresenta agora, em outra face, mas tão corrosiva quanto nos anos 20 do século passado, no campo dos valores, das instituições, das ciências. Massas sem emprego, desindustrialização comandada e em proveito do capital financeiro, corrosão dos Estados, violência social, preconceitos, fanatismos, irracionalismo religioso sectário, todos elementos são férteis sementeiras de ódio. E permitem pensar e agir na política como se ela fosse uma guerra civil, não como uma instância de diálogo e cooperação entre cidadãos que discordam mas buscam o bem coletivo. No fascismo, o “bom coletivo” é o meu. Os demais devem ser derrotados e expulsos da cena pública e, mesmo, da vida.

Esse interesse existe também no Brasil? Onde?

Em nossas universidades existem muitos pesquisadores e professores que apresentam o pensamento de Schmitt como algo “neutro”, que não traria nenhum perigo para a ordem democrática. Sou contra escritores como Yves-Charles Zarka, um mestre do pensamento filosófico e político atualmente, que recomenda retirar os textos de Schmitt das prateleiras, em livrarias e bibliotecas. Creio ser preciso ler aquele autor, e todos os autores relevantes na história de nosso tempo. Mas uma coisa é ler; outra é aceitar e espalhar as doutrinas genocidas.

Agora, pensemos um pouco sobre a última campanha eleitoral para a Presidência – com os insultos, os ataques de lado a lado, a redução dos concorrentes a inimigos – para perceber os possíveis frutos da corrosão nos movimentos políticos, se eles aceitarem a tese de que o outro deve ser aniquilado. É bom recordar que, em nosso caso, todos os partidos que lideraram as campanhas saíram da esquerda, sendo notával a ausência, nelas, de elementos conservadores. Neste vácuo, a pregação fascista (intolerante, racista a pretexto de ser regionalista) toma fôlego, à espera de seu momento certo.

A tensão étnica e religiosa que ressurge na Europa, especialmente com o crescimento do Islã, tem a ver com esse pensamento?

Sim. O Islã é visto como o inimigo, na ausência do comunismo. Mas o inimigo pode ser qualquer religião, ideologia, partido político. A redução da política à dimensão de uma guerra gera apenas a fratura no social e no Estado.

Como combater esse tipo de ideal que vem ressurgindo?

A única forma de combater eficazmente o fortalecimento fascista é viver a democracia, mesmo com todos os seus defeitos. Qualquer apelo ao voluntarismo, à radicalização das próprias teses em detrimento da voz alheia, da redução dos que pensam diferente ao estatuto de inimigo, resultam em favor dos que consideram impossível o convívio democrático respeitoso, nos parâmetros dos direitos humanos. A única fórmula para combater o fascismo, em pensamento e atos, é viver e valorizar a democracia.

Confira alguns termos-chave no pensamento do filósofo Roberto Romano:

Nazismo

Surgiu na Alemanha depois da I Guerra Mundial, da qual o país saiu arrasado. Numa crise financeira sem precedentes, o líder do partido nazista, Adolf Hitler, foi visto por muitos alemães como uma solução radical para o caos. No poder, Hitler implantou uma ditadura, que pregava a superioridade racial dos arianos e a morte dos inimigos.

Fascismo

Regime totalitário surgido na Itália, entre a I e a II Guerra, que defende a subordinação do povo a um líder, a disciplina como comportamento e a ditadura. O termo fascismo serve hoje para designar hoje uma série de governos com o mesmo perfil.

Liberalismo

Sistema político baseado na defesa das garantias individuais e na existência de um Estado de Direito, em que a lei é igual para todos, com destaque para a ideia de Constituição, que limita o poder do soberano e do próprio povo.

Marxismo

Ideário baseado nos escritos de Karl Marx, filósofo e economista alemão que, no século 19, defendeu a criação de um Estado forte que fosse capaz de impedir a desigualdade entre os homens. Pressupunha a instalação de uma ditadura do proletariado, da proibição da propriedade privada e da distribuição de renda por meio da intervenção estatal. Resultou no comunismo.

Carl Schmitt

Jurista e filósofo alemão (1888-1985), autor de obras que deram base ao governo nazista na Alemanha. A teoria de Schmitt previa um governo forte, ditatorial, em que o líder fosse capaz de, a todo momento, optar por caminhos não previstos pela lei. Para ele, a política estava acima do Direito, e o chefe de Estado não poderia, para ser eficiente, ser limitado por uma Constituição.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sem Educação


Os Estados Unidos esperam sentados uma melhor educação.....nós também?

A educação brasileira está em pedaços e todo mundo sabe disso há muito tempo. Uma porcentagm enorme de adolescentes sequer chega ao ensino médio e dos que chegam muitos abandonam a escola. Daqueles que seguem, poucos conseguem chegar a universidade e quando chegam o grande desafio é se manter no ensino superior. Acontece que essa realidade também acontece (em níveis mais baixos) nos Estados Unidos.O documentário "Waiting for 'Superman'" dirigido por Davis Guggenheim, mostra que o sistema educacional da América está também em pedaços, e que a terra das oportunidades está mais para terra das desigualdades. Conseguir uma boa escola é como ganhar na loteria (literalmente) e a evasão é altíssima para um país do primeiro mundo. Acompanhem para saberem quando irá estrear aqui no Brasil, vale a pena.

Reino da Incoerência*

O primeiro turno das eleições acabou e uma coisa ficou clara: o brasileiro realmente não sabe votar. Não vou nem entrar no mérito da eleição de Tiririca com um milhão de votos, vou falar da incoerência do eleitor. Aqui no Paraná ficou claro isso. A população elege um governador com 52% dos votos e, juntamente com esse governador, elege os dois candidatos ao senado adversários dele, ou seja, muita gente votou PSDB para governo e PT para senado, incoerência total. Isso sem contar os votos para deputados que, em praticamente todos os estados, teve este tipo de incoerência onde o governador é de um partido e a maioria da Assembléia é da oposição. Isso mostra que a falta de ideologia política é dissiminada por toda a sociedade brasileira e se reflete nos partidos que não respeitam nenhuma ideologia a não ser a do governo em causa própria, ou da causa de grupos específicos como agricultores, operários e evangélicos. Enfim, espero o dia em que finalmente poderemos dizer que os brasileiros sabem votar.

*O título de reino se refere a incoerência também já que, apesar de sermos uma república, isso aqui parece mais uma monarquia com famílias dirigindo o Estado ao invés do próprio povo.