Festival Folclórico e de Etnias do Paraná vem perdendo público ano após ano.
por Rikardo Santana da Silva
O Paraná é um estado multicultural. Formado por várias culturas vindas da África, Europa, Ásia e da própria América. Para celebrar essa união de culturas, há mais de 40 anos é realizado no Teatro Guaíra o Festival Folclórico e de Etnias do Paraná, no qual vários grupos apresentam um pouco de sua arte. Tânia da Silva faz parte de um dos grupos folclóricos, o de portugueses, há mais de 15 anos, e constatou que o Festival vem perdendo público nos últimos anos. “Houve uma queda muito grande de público nesse evento que não deixa de ser um atrativo turístico da cidade de Curitiba”, conta.
Tânia fez em seu trabalho de conclusão de curso em Turismo, pela Universidade Tuiuti do Paraná, uma monografia sobre o Festival. A monografia mostra a história do evento e a importância dele para a cidade e para o estado. A autora fez uma pesquisa de campo com os curitibanos e constatou que poucas pessoas conhecem o Festival, mesmo fazendo parte já há tantos anos da programação cultural da cidade.
Esse desconhecimento acaba fazendo com que não exista uma ligação maior da população com suas origens ou com a cultura de outros povos, mesmo sendo considerada uma cidade multicultural. “Não existe uma divulgação do Festival. Se as pessoas que não têm acesso à cultura fossem avisadas sobre o evento, poderiam aproveitar essa oportunidade para visitar o teatro, já que os ingressos têm preços bem menores do que peças de teatro apresentadas no Guaíra. É uma oportunidade de ver a arte de outros países”, ressalta Tânia.
A falta de divulgação ocorre porque os grupos não têm dinheiro para fazê-la. Além disso, nos últimos anos, houve um aumento no número de grupos, mas não no de pessoas. “Acontece muita briga nos grupos, que acabam se dividindo, mas o número pessoas não aumenta. Acaba que ficam muitos grupos com poucas pessoas”, relata a autora. Outro aspecto que Tânia percebeu foi que esse tipo de manifestação cultural não é mais tão atraente aos mais jovens. “Nem todos tem tempo disponível para fazer isso, e quando tem, preferem ir para o shopping. Os jovens acham que é careta”, reclama Tânia.
A cada ano, com a queda de público, o Festival perde prestígio e acaba perdendo espaço. Como não havia retorno financeiro, o Teatro Guaíra começou a diminuir o número de dias que os grupos podiam se apresentar e o espaço também começou a ser mudado (do Guairão para o Guairinha). Há alguns anos, o evento ocorria em duas semanas no Guairão. Ano após ano, isso foi diminuindo, e hoje ele é feito em dez dias no Guairinha. A autora afirma que poderia haver uma maior abertura por parte do Festival, aceitando a entrada de qualquer grupo e melhorando a qualidade das apresentações, mas para isso é necessário que haja verba para os grupos, o que hoje não existe. “Os grupos não têm apoio, e isso faz com que não haja mais investimento no Festival”, conta Tânia. O Festival Folclórico e de Etnias do Paraná acontece todos os anos no mês de julho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário