quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sessão Ateísmo - Esclarecimentos

O último post da sessão resultou em comentários negativos dos milhares de leitores do blog (quem dera!), então vim postar aqui esclarecimentos sobre a sessão. Como disse, lá no primeiro post desta série, o objetivo dela era de mostrar coisas engraçadas, interessante ou pertinentes dos blogs sobre ateísmo. Também já falei lá sobre minha posição filosófica sobre o metafísico, mas vamos falar de novo. Sou agnóstico, e o que isso significa, além de uma palavra bonita? O significado literal vem do grego A = não, gnose = conhecimento, ou seja, um agnóstico é alguém que não tem conhecimento sobre o metafísico, o transcendental. Existem várias maneiras de se encarar o que foge a nossa compreensão. Você pode acreditar que o transcendental é composto de um único Deus, como cristãos, muçulmanos e judeus; pode crer que na verdade haja um panteão de deuses, como hindus; pode crer que o transcendente seja apenas o seu espírito, como budistas, confucionistas e taoístas; que seja uma relação com os antepassados, como xintoístas; que seja uma relação com a natureza, como animistas; que o transcendete sequer exista, como os ateus; ou você pode simplesmente dizer "eu não sei", como os agnósticos. Mas este não saber dos agnósticos não quer dizer que ficamos em cima do muro, flertando com os dois lados da "história", quer dizer que realmente não sabemos, e provavelmente nunca iremos saber, sendo assim, todas estas possibilidades são apenas isso: possibilidades. Nenhuma esta certa ou errada, são apenas pensamentos baseados na fé particular de cada um. Mas, ateus e agnósticos tem algo em comum (não por acaso são contados juntos nos censos de todos os países, assim como pretos e pardos são contados como negros aqui no Brasil) que é o ceticismo. Duvidar e questionar sempre é o que nós fazemos. Não aceitamos dogmas ou verdades absolutas, pois sabemos que isso não existe, mas isso não quer dizer que saímos por aí quebrando símbolos religiosos ou pregando ódio à religião, muito pelo contrário, quem geralmente faz isso são os próprios religiosos, que não aceitam a opção de fé do outro. Mesmo assim, o vilão da história sempre é o ateu. Ser ateu, para muitos religiosos, é pior do que qualquer coisa. Não importa o crime que você cometeu, se você "aceitar Jesus em seu coração" estará salvo, mas, se você for uma boa pessoa, fazer o bem, mas não acreditar em Deus, então você é o pior ser do mundo. Religião não define caráter. O fato de uma pessoa ser ateu ou agnóstico não diz nada sobre sua índole. Muitas pessoas chegam até a excluir as pessoas de seu círculo social só porque estas não tem a mesma relação com o sagrado que ela tem, o que é lamentável. Em uma pesquisa feita no EUA, apenas 13% da população votaria em um ateu ou agnóstico para Presidente, porcentagem que provavelmente seria semelhante aqui no Brasil, mostrando que os que sofrem maior preconceito somos nós. Nunca vi nem tive notícia de nenhum ateu ou agnóstico destratar ou ridicularizar a fé de algum amigo, mas sei de vários casos que pelo simples fato de alguém se assumir como não crente perder amigos e ser afastado de pessoas. Pessoalmente, respeito todas as religiões, enxergo nelas o que há de melhor e vejo que a fé não é algo desprezível ou ignorável, mas sim algo útil que traz conforto e paz para milhões de pessoas, isso é inegável. O que é imcompreensível é estas mesmas pessoas odiarem outras pessoas simplesmente por elas terem posições religiosas diferentes, sendo que, no fundo, todos somos agnósticos, já que realmente não sabemos. Resumindo tudo, o que eu quero dizer é que o que posto aqui não tem como objetivo ofender ninguém, mas sim gerar reflexão sobre sua própria fé ou sua não fé, seja com ou sem humor. E sempre lembrando: religião não define caráter. Não sou religioso, mas sou uma boa pessoa. Se ser ateu ou agnóstico definisse se uma pessoa é boa, então o que dizer de Betinho, que iniciou no Brasil o movimento do natal sem fome e era ateu, ou o médico sanitarista Dráuzio Varella, que fez várias campanhas sobre doenças infecto contagiosas por todo o Brasil. Mesmo fazendo isso, salvando milhões de vidas, só por serem ateus/agnósticos isso torna eles pessoas más e cruéis? Como o próprio Varella disse: "Não sou religioso. Respeito todas as crenças, mas os religiosos não têm nenhum respeito pelas pessoas sem fé. Quando digo que não tenho religião, acham que sou imoral. É como se eu tivesse parte com o diabo". Poderia aqui seguir com uma lista interminável de "malditos" ateus e agnósticos que fizeram o bem no mundo, assim como uma lista, também interminável, de religiosos que cometeram genocídios ao redor do mundo. Sou agnóstico e admito que não sei, respeitando todas as opções religiosas que as pessoas fazem, já que isso é uma opção de fé, e é uma possibilidade. Como o cientista, agnóstico, norte-americano, Carl Sagan, grande dissiminador da ciência disse "a ausência da prova não é prova da ausência", mas ele também disse "é preciso manter sua mente aberta, mas não tão aberta que seu cérebro caia" e, como disse o também agnóstico Albert Einstein "nunca perca a curiosidade sobre o sagrado", por isso eu sempre vou gostar de discutir religião e sempre vou respeitar a fé das pessoas, mas não vou deixar de questionar nem de fazer humor das incoerências das religiões. Para terminar, segue um vídeo de uma piada sobre ateus, pra mostrar que eu também tiro onda com minha própria escolha, quem já me conhece já me ouviu contar essa e sabe que sempre respeito a posição religiosa dos outros, e sempre discuto, questiono e brinco, da minha posição filosófica também, afinal, como diria os Scorpions, "todos nós somos apenas poeira no vento". Agora seguimos com nossa programação normal.


Sim, nós rimos de nós mesmos também

P.S.: Vi no Bule Voador

Um comentário:

Anônimo disse...

Sinceramente não vi nada ofensivo no post anterior, não vi os comentários, então não posso opinar. Já discutimos sobre isto várias vezes, e só para acrescentar, o fanatismo é o que gera os problemas. Parabéns, novamente, pelo blog. Muito interessante, como sempre.
Ah, e como eu tenho uma fé diferente da sua, lá vai a minha xenofobia: como que um jornalista me escreve "particular de cada um"? Tire-me este pleonasmo daí agora mesmo!!!
hehehehe
Abraço
William Vida Petrosky