quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sessão Ateísmo - Esclarecimentos

O último post da sessão resultou em comentários negativos dos milhares de leitores do blog (quem dera!), então vim postar aqui esclarecimentos sobre a sessão. Como disse, lá no primeiro post desta série, o objetivo dela era de mostrar coisas engraçadas, interessante ou pertinentes dos blogs sobre ateísmo. Também já falei lá sobre minha posição filosófica sobre o metafísico, mas vamos falar de novo. Sou agnóstico, e o que isso significa, além de uma palavra bonita? O significado literal vem do grego A = não, gnose = conhecimento, ou seja, um agnóstico é alguém que não tem conhecimento sobre o metafísico, o transcendental. Existem várias maneiras de se encarar o que foge a nossa compreensão. Você pode acreditar que o transcendental é composto de um único Deus, como cristãos, muçulmanos e judeus; pode crer que na verdade haja um panteão de deuses, como hindus; pode crer que o transcendente seja apenas o seu espírito, como budistas, confucionistas e taoístas; que seja uma relação com os antepassados, como xintoístas; que seja uma relação com a natureza, como animistas; que o transcendete sequer exista, como os ateus; ou você pode simplesmente dizer "eu não sei", como os agnósticos. Mas este não saber dos agnósticos não quer dizer que ficamos em cima do muro, flertando com os dois lados da "história", quer dizer que realmente não sabemos, e provavelmente nunca iremos saber, sendo assim, todas estas possibilidades são apenas isso: possibilidades. Nenhuma esta certa ou errada, são apenas pensamentos baseados na fé particular de cada um. Mas, ateus e agnósticos tem algo em comum (não por acaso são contados juntos nos censos de todos os países, assim como pretos e pardos são contados como negros aqui no Brasil) que é o ceticismo. Duvidar e questionar sempre é o que nós fazemos. Não aceitamos dogmas ou verdades absolutas, pois sabemos que isso não existe, mas isso não quer dizer que saímos por aí quebrando símbolos religiosos ou pregando ódio à religião, muito pelo contrário, quem geralmente faz isso são os próprios religiosos, que não aceitam a opção de fé do outro. Mesmo assim, o vilão da história sempre é o ateu. Ser ateu, para muitos religiosos, é pior do que qualquer coisa. Não importa o crime que você cometeu, se você "aceitar Jesus em seu coração" estará salvo, mas, se você for uma boa pessoa, fazer o bem, mas não acreditar em Deus, então você é o pior ser do mundo. Religião não define caráter. O fato de uma pessoa ser ateu ou agnóstico não diz nada sobre sua índole. Muitas pessoas chegam até a excluir as pessoas de seu círculo social só porque estas não tem a mesma relação com o sagrado que ela tem, o que é lamentável. Em uma pesquisa feita no EUA, apenas 13% da população votaria em um ateu ou agnóstico para Presidente, porcentagem que provavelmente seria semelhante aqui no Brasil, mostrando que os que sofrem maior preconceito somos nós. Nunca vi nem tive notícia de nenhum ateu ou agnóstico destratar ou ridicularizar a fé de algum amigo, mas sei de vários casos que pelo simples fato de alguém se assumir como não crente perder amigos e ser afastado de pessoas. Pessoalmente, respeito todas as religiões, enxergo nelas o que há de melhor e vejo que a fé não é algo desprezível ou ignorável, mas sim algo útil que traz conforto e paz para milhões de pessoas, isso é inegável. O que é imcompreensível é estas mesmas pessoas odiarem outras pessoas simplesmente por elas terem posições religiosas diferentes, sendo que, no fundo, todos somos agnósticos, já que realmente não sabemos. Resumindo tudo, o que eu quero dizer é que o que posto aqui não tem como objetivo ofender ninguém, mas sim gerar reflexão sobre sua própria fé ou sua não fé, seja com ou sem humor. E sempre lembrando: religião não define caráter. Não sou religioso, mas sou uma boa pessoa. Se ser ateu ou agnóstico definisse se uma pessoa é boa, então o que dizer de Betinho, que iniciou no Brasil o movimento do natal sem fome e era ateu, ou o médico sanitarista Dráuzio Varella, que fez várias campanhas sobre doenças infecto contagiosas por todo o Brasil. Mesmo fazendo isso, salvando milhões de vidas, só por serem ateus/agnósticos isso torna eles pessoas más e cruéis? Como o próprio Varella disse: "Não sou religioso. Respeito todas as crenças, mas os religiosos não têm nenhum respeito pelas pessoas sem fé. Quando digo que não tenho religião, acham que sou imoral. É como se eu tivesse parte com o diabo". Poderia aqui seguir com uma lista interminável de "malditos" ateus e agnósticos que fizeram o bem no mundo, assim como uma lista, também interminável, de religiosos que cometeram genocídios ao redor do mundo. Sou agnóstico e admito que não sei, respeitando todas as opções religiosas que as pessoas fazem, já que isso é uma opção de fé, e é uma possibilidade. Como o cientista, agnóstico, norte-americano, Carl Sagan, grande dissiminador da ciência disse "a ausência da prova não é prova da ausência", mas ele também disse "é preciso manter sua mente aberta, mas não tão aberta que seu cérebro caia" e, como disse o também agnóstico Albert Einstein "nunca perca a curiosidade sobre o sagrado", por isso eu sempre vou gostar de discutir religião e sempre vou respeitar a fé das pessoas, mas não vou deixar de questionar nem de fazer humor das incoerências das religiões. Para terminar, segue um vídeo de uma piada sobre ateus, pra mostrar que eu também tiro onda com minha própria escolha, quem já me conhece já me ouviu contar essa e sabe que sempre respeito a posição religiosa dos outros, e sempre discuto, questiono e brinco, da minha posição filosófica também, afinal, como diria os Scorpions, "todos nós somos apenas poeira no vento". Agora seguimos com nossa programação normal.


Sim, nós rimos de nós mesmos também

P.S.: Vi no Bule Voador

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Por que as abelhas não vão para o paraíso?

Este vídeo é muito engraçado e tem um ponto interessante, porque, na grande parte das religiões, o homem é visto como o propósito do universo? É uma prepotência sem tamanho do homo sapiens que, comparado a outros animais, está no mundo há muito pouco tempo. Quanto mais penso nisso mais sem sentido se torna a questão do "paraíso", e se pensarmos, o que uma abelha teria que fazer para ir para o céu? O que faz uma lesma ser uma "boa" lesma? É engraçado, mas quem acredita pode acreditar a vontade, afinal, estamos, teoricamente, vivendo no mundo livre. Assistam, comentem e riam, ou chorem, como preferirem.



Por que as codornas não vão para o céu???

P.S.: Vi no Bule Voador

domingo, 21 de novembro de 2010

Cuidado com o facismo!

Sei que estou devendo textos, mas agora a desculpa oficial é verdade: estou mesmo sem tempo. Mas essa entrevista me interessou e decidi postar. É uma entrevista com um filósofo, professor da Universidade de Campinas sobre o perigo ideológico que estamos vivendo hoje no mundo. Concordo com ele, hoje o mundo parece estar se voltando novamente ao totalitarismo, mesmo depois de o comunismo e o nazi-facismo terem falhado e mostrado que não servem pra nada. Xenofobia, preconceito, medo de perder empregos, tratar o adversário como inimigo a ser batido, imaginar que sua ideologia pode salvar o mundo, colocar interesses coletivos acima dos individuais e depreciação do liberalismo fazem com que a democracia seja corroída cada vez mais. É preciso que retomemos o valor da democracia e da liberdade, que parece que se perderam no tempo, se é que elas um dia existiram. Está na minha definição que sou liberal e acredito que esse pensamento é o que mais faz sentido no momento em que queremos pensar uma sociedade, já que sem liberdade individual o homem passa a ser apenas uma marionete, seja do sistema capitalista ou do socialista. É preciso que a liberdade seja respeitada em todos os aspectos, as pessoas devem ser livres para pensar e para ir atrás de seus sonhos, desde que respeitem a liberdade dos outros, o Estado só deveria servir para garantir que isso acontecesse, não para alguns, mas para todos, dando direitos e deveres iguais. O problema não é o sistema. O capitalismo nos permitiu ter uma vida bem melhor que qualquer outro sistema fez na História, e em pouco tempo. O problema é como esse sistema é gerido, e hoje, infelizmente, a liberdade não é levada a sério como deveria ser, ela não é de fato para todos, mas não é por isso que vamos abandoná-la por completa e dizer "já que poucos tem então vamos acabar com ela", deveria ser nossa missão lutar para que todos tenham, e a democracia é o caminho pra isso, um caminho difícil e longo, mas seguro. Segue a entrevista.

http://www.gazetadopovo.com.br/vidapublica/conteudo.phtml?tl=1&id=1069982&tit=Ideal-fascista-esta-sendo-retomado-alerta-filosofo

Ideal fascista está sendo retomado, alerta filósofo

Roberto Romano, professor de Ética e Ciência Política da Unicamp
Publicado em 21/11/2010 | Rogerio Waldrigues Galindo

Um velho espectro político volta a rondar o mundo ocidental, com riscos inclusive ao Brasil. E seu nome é fascismo. O alerta é do filósofo e professor de Ética e Ciência Política Roberto Romano, da Unicamp. Ele vê na atualidade o renascer de uma preocupante onda de interesse acadêmico por obras de intelectuais que ajudaram a construir a base teórica dos Estados totalitários surgidos na Alemanha e na Itália no período entre as duas Guerras Mundiais.

O ponto principal de preocupação de Romano é o interesse renovado pela obra do jurista e filósofo Carl Schmitt. Autor “maldito” durante muito tempo por defender a ditadura como melhor forma de governo, o teórico alemão começa a ser revisto em universidades. A intenção seria aproveitar algumas ideias dele, jogando “a parte podre fora”. Para Roberto Romano, porém, isso é inviável.

Segundo ele, em boa parte dos casos, os defensores de Schmitt surgem de “órfãos de Marx e do stalinismo” – ainda interessados em derrotar o liberalismo.

Romano diz ainda que o temor com o renascimento dessas ideias é ainda maior diante do clima de irracionalismo criado por alguns fanáticos religiosos, da alta taxa de desemprego, do enfraquecimento dos Estados nacionais e da violência social do mundo atual. Ele afirma também que a visão do adversário político como inimigo a ser derrotado, perigosamente inserida na campanha presidencial brasileira deste ano, é uma amostra do risco do renascimento de radicalismos totalitários no país.

O senhor afirma que há um renascimento do interesse pelo pensamento nazista no mundo. De onde vem esse interesse?

Da perda dos paradigmas éticos e políticos que nortearam os séculos 19 e 20. Com o enfraquecimento do liberalismo no início do século 20, surgiram propostas de ordenamento da sociedade com maior ênfase nos coletivos, e não tanto nos indivíduos e grupos. A sociologia romântica acentuou os laços comunitários contra a vida urbana e industrial, com seu “Estado máquina” [nazifascista]. Essa sociologia é um dos muitos pontos que ajudaram a edificar, nos estratos mais reacionários, uma ideia de coesão e disciplina vertical. E, nesta ideia, a vontade seria a diretriz, não a racionalidade.

De modo geral, [György] Lukacs [pensador marxista húngaro] descreveu a mudança de modelos, do racional para o irracional. Ele mesmo, como discípulo de [Max] Weber [alemão, considerado o pai da sociologia], havia procurado uma saída para a ordem mecânica e burocrática do mundo moderno. Encontrou na revolução proletária internacional. Na outra ala dos seguidores de Weber, na sua direita, encontravam-se sociólogos e juristas reacionários como Carl Schmitt. Schmitt, que também criticava as formas mecânicas e liberais, serviu momentaneamente aos nazistas.

Nos anos 70 do século 20, pensadores que, na esteira da crítica à União Soviética deixaram de aceitar pressupostos do pensamento marxista, passaram a ver nos escritos de Carl Schmitt um instrumento para continuar a recusa do liberalismo. Órfãos de Marx e do stalinismo, eles acentuam a resistência às formas liberais do Estado, sem no entanto acreditar mais numa “revolução proletária internacional”. Esses escritores ajudam a estabelecer o relativismo, a corrosão dos padrões éticos e se colocam como geradores do éter de ideias que paira sobre os movimentos nazifascistas. É preciso lembrar que esses movimentos jamais deixaram de existir na Alemanha, na Europa, no mundo. Os demais, não saídos do campo marxista, partilham os mais variados matizes do pensamento conservador ou francamente reacionário, não aceitam as luzes, a democracia, etc. Estes últimos são os que mais gasolina injetam nos movimentos irracionalistas e fascistas que hoje se apresentam na cena mundial.

Quais são os indícios desse novo interesse por esse pensamento?

Obras de autores como Schmitt são editadas na Europa, na Ásia, nos EUA, na América do Sul. Seminários, publicações jurídicas ou supostamente filosóficas se espalham, sempre com o mote de, inicialmente, livrar Schmitt e seus pares da “pecha” de nazistas. Teses universitárias surgem, e tomam como dados inquestionáveis os dogmas do decisionismo político e jurídico; as teses sobre a política como exercício da inimizade; os “desvios” da modernidade no pensamento liberal e socialista democrático, etc.

O que pregam esses intelectuais?

Pregam o afastamento imediato das mediações jurídicas e políticas liberais e o reforço do poder decisório dos líderes que movem o Executivo. Em suma, pregam a ditadura do Poder Executivo nas matérias estratégicas dos países, em detrimento do Legislativo e do Judiciário.

O senhor afirma que os intelectuais que tentam fazer um “renascimento” da obra de Carl Schmitt tentam separar o resto de sua obra, evitando a defesa da ditadura, por exemplo. Isso é possível?

Não. Mesmo autores irracionalistas escrevem textos que se caracterizam como um todo. Impossível arrancar do decisionismo schmittiano a sua atribuição ao chefe de Estado de poderes ditatoriais.

Qual o risco real de um grupo de intelectuais defenderem ideais como os que levaram à ditadura de Hitler na sociedade atual?

Embora a conjuntura seja outra, e não exista mais a bipolaridade geopolítica entre comunismo e nazifascismo, a crise que gerou naquela época os movimentos totalitários se apresenta agora, em outra face, mas tão corrosiva quanto nos anos 20 do século passado, no campo dos valores, das instituições, das ciências. Massas sem emprego, desindustrialização comandada e em proveito do capital financeiro, corrosão dos Estados, violência social, preconceitos, fanatismos, irracionalismo religioso sectário, todos elementos são férteis sementeiras de ódio. E permitem pensar e agir na política como se ela fosse uma guerra civil, não como uma instância de diálogo e cooperação entre cidadãos que discordam mas buscam o bem coletivo. No fascismo, o “bom coletivo” é o meu. Os demais devem ser derrotados e expulsos da cena pública e, mesmo, da vida.

Esse interesse existe também no Brasil? Onde?

Em nossas universidades existem muitos pesquisadores e professores que apresentam o pensamento de Schmitt como algo “neutro”, que não traria nenhum perigo para a ordem democrática. Sou contra escritores como Yves-Charles Zarka, um mestre do pensamento filosófico e político atualmente, que recomenda retirar os textos de Schmitt das prateleiras, em livrarias e bibliotecas. Creio ser preciso ler aquele autor, e todos os autores relevantes na história de nosso tempo. Mas uma coisa é ler; outra é aceitar e espalhar as doutrinas genocidas.

Agora, pensemos um pouco sobre a última campanha eleitoral para a Presidência – com os insultos, os ataques de lado a lado, a redução dos concorrentes a inimigos – para perceber os possíveis frutos da corrosão nos movimentos políticos, se eles aceitarem a tese de que o outro deve ser aniquilado. É bom recordar que, em nosso caso, todos os partidos que lideraram as campanhas saíram da esquerda, sendo notával a ausência, nelas, de elementos conservadores. Neste vácuo, a pregação fascista (intolerante, racista a pretexto de ser regionalista) toma fôlego, à espera de seu momento certo.

A tensão étnica e religiosa que ressurge na Europa, especialmente com o crescimento do Islã, tem a ver com esse pensamento?

Sim. O Islã é visto como o inimigo, na ausência do comunismo. Mas o inimigo pode ser qualquer religião, ideologia, partido político. A redução da política à dimensão de uma guerra gera apenas a fratura no social e no Estado.

Como combater esse tipo de ideal que vem ressurgindo?

A única forma de combater eficazmente o fortalecimento fascista é viver a democracia, mesmo com todos os seus defeitos. Qualquer apelo ao voluntarismo, à radicalização das próprias teses em detrimento da voz alheia, da redução dos que pensam diferente ao estatuto de inimigo, resultam em favor dos que consideram impossível o convívio democrático respeitoso, nos parâmetros dos direitos humanos. A única fórmula para combater o fascismo, em pensamento e atos, é viver e valorizar a democracia.

Confira alguns termos-chave no pensamento do filósofo Roberto Romano:

Nazismo

Surgiu na Alemanha depois da I Guerra Mundial, da qual o país saiu arrasado. Numa crise financeira sem precedentes, o líder do partido nazista, Adolf Hitler, foi visto por muitos alemães como uma solução radical para o caos. No poder, Hitler implantou uma ditadura, que pregava a superioridade racial dos arianos e a morte dos inimigos.

Fascismo

Regime totalitário surgido na Itália, entre a I e a II Guerra, que defende a subordinação do povo a um líder, a disciplina como comportamento e a ditadura. O termo fascismo serve hoje para designar hoje uma série de governos com o mesmo perfil.

Liberalismo

Sistema político baseado na defesa das garantias individuais e na existência de um Estado de Direito, em que a lei é igual para todos, com destaque para a ideia de Constituição, que limita o poder do soberano e do próprio povo.

Marxismo

Ideário baseado nos escritos de Karl Marx, filósofo e economista alemão que, no século 19, defendeu a criação de um Estado forte que fosse capaz de impedir a desigualdade entre os homens. Pressupunha a instalação de uma ditadura do proletariado, da proibição da propriedade privada e da distribuição de renda por meio da intervenção estatal. Resultou no comunismo.

Carl Schmitt

Jurista e filósofo alemão (1888-1985), autor de obras que deram base ao governo nazista na Alemanha. A teoria de Schmitt previa um governo forte, ditatorial, em que o líder fosse capaz de, a todo momento, optar por caminhos não previstos pela lei. Para ele, a política estava acima do Direito, e o chefe de Estado não poderia, para ser eficiente, ser limitado por uma Constituição.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sem Educação


Os Estados Unidos esperam sentados uma melhor educação.....nós também?

A educação brasileira está em pedaços e todo mundo sabe disso há muito tempo. Uma porcentagm enorme de adolescentes sequer chega ao ensino médio e dos que chegam muitos abandonam a escola. Daqueles que seguem, poucos conseguem chegar a universidade e quando chegam o grande desafio é se manter no ensino superior. Acontece que essa realidade também acontece (em níveis mais baixos) nos Estados Unidos.O documentário "Waiting for 'Superman'" dirigido por Davis Guggenheim, mostra que o sistema educacional da América está também em pedaços, e que a terra das oportunidades está mais para terra das desigualdades. Conseguir uma boa escola é como ganhar na loteria (literalmente) e a evasão é altíssima para um país do primeiro mundo. Acompanhem para saberem quando irá estrear aqui no Brasil, vale a pena.

Reino da Incoerência*

O primeiro turno das eleições acabou e uma coisa ficou clara: o brasileiro realmente não sabe votar. Não vou nem entrar no mérito da eleição de Tiririca com um milhão de votos, vou falar da incoerência do eleitor. Aqui no Paraná ficou claro isso. A população elege um governador com 52% dos votos e, juntamente com esse governador, elege os dois candidatos ao senado adversários dele, ou seja, muita gente votou PSDB para governo e PT para senado, incoerência total. Isso sem contar os votos para deputados que, em praticamente todos os estados, teve este tipo de incoerência onde o governador é de um partido e a maioria da Assembléia é da oposição. Isso mostra que a falta de ideologia política é dissiminada por toda a sociedade brasileira e se reflete nos partidos que não respeitam nenhuma ideologia a não ser a do governo em causa própria, ou da causa de grupos específicos como agricultores, operários e evangélicos. Enfim, espero o dia em que finalmente poderemos dizer que os brasileiros sabem votar.

*O título de reino se refere a incoerência também já que, apesar de sermos uma república, isso aqui parece mais uma monarquia com famílias dirigindo o Estado ao invés do próprio povo.

domingo, 29 de agosto de 2010

Sessão Ateísmo - Sócrates vs Jesus

Sócrates e Jesus não foram contemporâneos, mas tem em comum o fato de ambos serem analfabetos, terem sido julgados e condenados por suas ideias e terem estabelecido doutrinas filosóficas que perduram até os dias de hoje, com a diferença que as palavras de Jesus viraram religião e as de Sócrates viraram apenas filosofia mesmo. Este debate hipotético, que vi primeiro no Bule Voador, nos mostra como seria uma conversa com estes dois nomes da História mundial. Como já disse nesse blog, sou agnóstico, ou seja, admito que não sei a resposta para muitas perguntas, mas de fato, a história bíblica de Deus não tem nenhum sentido e esse texto mostra algumas incoerências disso, mas é apenas UM texto, porque poderíamos ficar dias escrevendo sobre essas incoerências e fatos absurdos e ilógicos de várias religiões, mas este é só o começo. É verdade que o Jesus retratado nesta conversa é meio "bobo", mas o texto serve como uma reflexão, para você que é cristão ou até mesmo para qualquer religioso, pois as perguntas de Sócrates fazem você pensar no que você está acreditando, se realmente faz sentido. Ter uma religião é uma coisa, mas não é só porque você é religioso que vai abandonar a razão e a lógica. Leia, reflita e comente.

P.S.: Nunca tinha pensado na história do Lúcifer da maneira como Sócrates coloca, bem interessante!



Sócrates:

Bom dia, Jesus, tenho ouvido muito sobre seus ensinamentos maravilhosos. Eu sou apenas um modesto filósofo aqui em Atenas. Falaram-me da sua grande sabedoria e, a julgar pela quantidade de admiradores que o seguem pelas ruas, isso deve ser verdade. Se você puder me conceder alguns minutos, gostaria que me iluminasse com suas respostas para algumas questões que têm me afligido por toda a minha vida.

Jesus:

Sou um pescador de homens na minha busca por seguidores. Trago a verdade de Deus para todos os homens. Procura e encontrarás, peça e obterás a resposta, bata e a porta se abrirá para ti.

Sócrates:

Há uma questão básica que tem sido sempre a maior em minha mente. Embora tenha sido sempre um obstáculo intransponível para mim, na minha busca pela verdade e pelo sentido das coisas, estou certo que, com sua erudição, você vai achá-la muito fácil e vai me tomar por um velho tolo. Sempre quis viver de forma honrada e nobre, mas parece que só tropecei pela vida sem ao menos saber o que é honra e nobreza. Com meu entendimento limitado, sempre me parece que a vida, mesmo com sua beleza e sua fúria, na verdade, não significa nada. Por favor, me diga:como um homem deveria viver? Qual é o propósito da vida?

Jesus:

Servir e reverenciar a Deus.

Sócrates:

Qual deus?

Jesus:

Só existe um Deus.

Sócrates:

Oh, você devia vir morar em Atenas. Aqui, temos vários para escolher.

Jesus:

Só existe um deus verdadeiro.

Sócrates:

Ah, claro, e qual é o deus verdadeiro?

Jesus:

O deus verdadeiro é o Senhor Deus.

Sócrates:

Sim, mas quem é o Senhor Deus? Ou o que ele é?

Jesus:

Ele é o infinito da sabedoria, amor, compaixão, paz e misericórdia. Ele é o criador do céu e da terra e de todas as coisas no universo.

Sócrates:

Todas as coisas?

Jesus:

Sim, todas as coisas. Ele é onipotente. Ele é o senhor, o controlador e o criador de todas as coisas. Ele é onipresente – nada pode acontecer que ele não saiba com antecedência.


Sócrates:

E ele também cria as pragas, guerras, a morte, o sofrimento e o mal?


Jesus:

Não! Essas coisas e todos os outros males e tragédias vêm do Demônio, o príncipe das trevas; ou das fraquezas e da natureza maligna do homem. Deus é só bondade, sem traço de maldade; só o bem pode vir de Deus.

Sócrates:

E, quem é esse tal Demônio? Certamente deve ser um deus para ser capaz de causar calamidades tão grandes sobre a humanidade. Entretanto, você acabou de dizer que só existe um deus. Você também disse que tudo que existe vem desse Deus. E agora você diz que só o bem vem de Deus e que o mal vem de alguém chamado Demônio. Isso parece uma contradição. Temo que sua religião seja complexa demais para esta cabeça velha compreender. Ainda assim, pretendo ser um estudante persistente e tentar entender, se você puder me ajudar de alguma forma. Por favor, explique: quem é o Demônio e como pode ser que todas as coisas venham de Deus mas também não venham de Deus?

Jesus:

O Demônio é um anjo caído que é ambicioso. Ele se rebelou contra Deus e quer destruir todo o seu trabalho.

Sócrates:

O que, em nome de Zeus, é um anjo?

Jesus:

Um anjo é um anjo.

Sócrates:

Claro, claro, é uma identidade. Sócrates é Sócrates. Mas, veja, isso não significa nada para mim, ignorante que sou sobre sua religião. Embora possa ser a verdade mais pura, não tem relação com nada que eu possa compreender. Você poderia comparar o anjo a alguma coisa com que eu esteja familiarizado?

Jesus:

Um anjo é um anjo.

Sócrates:

Por favor, perdoe minha ignorância. Entenda que não sou a autoridade que você é. Nunca vi nem ouvi falar de anjos. Disseram-me que você teve muitas visões estranhas quando vagou quarenta dias pelo deserto sem comer. Suplico que me conte com que se parecem esses anjos.

Jesus:

Eles têm asas.

Sócrates:

Assim como os pernilongos. Você poderia ser mais específico?

Jesus:

Eles são como pessoas, mas têm asas.

Sócrates:

Que mais? Presumo que possam voar.

Jesus:

Ah, sim, é para isso que as asas são feitas.

Sócrates:

Claro, claro, eu devia ter adivinhado. Você diz que eles se parecem com pessoas. E no que são diferentes dos homens?

Jesus:

Eles são muito melhores que os homens… e nunca morrem.

Sócrates:

Melhores que o homem? Como?

Jesus:

Mais virtuosos e mais poderosos. Muito mais poderosos.

Sócrates:

Então são sobre-humanos.

Jesus:

Sim. Certamente!

Sócrates:

Então eles são sobre-humanos e imortais. Nós, em Atenas, chamaríamos tais seres de deuses.


Jesus:

Não! Deus é muito mais poderoso que eles.


Sócrates:

Para nós, Zeus também é mais poderoso que os outros deuses olímpicos, mas os outros também são deuses, por definição. Como você definiria o termo deus?

Jesus:

Deus é o criador de tudo Ele é todo poder, conhecimento, sabedoria e a epítome da justiça, piedade, compaixão, divindade e paz.

Sócrates:

Mas essas qualidades não são necessariamente consistentes. Não é possível para uma pessoa ser justa, pacífica e piedosa, tudo na mesma instância ou situação. Se uma pessoa ou uma nação merece punição pela regra da justiça, deve-se puni-la ou fazer guerra contra ela, mas isto seria uma violação da regra da paz e da piedade. Nenhum ser poderia ter todas essas qualidades porque elas contradizem umas às outras; elas não podem existir juntas na mesma pessoa ao mesmo tempo. É como se um homem tivesse se virado para a esquerda e para a direita ao mesmo tempo e, ainda assim, estivesse inteiro e completo.

Jesus:

Deus opera suas maravilhas de maneiras misteriosas.

Sócrates:

Parece que vocês têm tantos deuses quantos temos em Atenas, só que vocês não os chamam de deuses.

Jesus:

Não! Deus é todo-poderoso.

Sócrates:

Então, a única diferença é o grau de poder?

Jesus:

Não. Deus é melhor e mais virtuoso que eles. O pecado é impossível para ele.

Sócrates:

O que é um pecado?

Jesus:

É um ato de desobediência a Deus.

Sócrates:

Deduzo disso que Deus não poderia pecar, pois não poderia desobedecer a si mesmo. E, se o pecado não é possível para ele, não pecar não é nenhuma façanha dele. Assim como não se mover não é façanha alguma para uma pedra. É só uma questão de definição. O que eles fazem esses anjos?

Jesus:

Eles entregam mensagens para Deus.

Sócrates:

Por que, se Deus é todo-poderoso, haveria necessidade de alguém entregar mensagens para ele?

Jesus:

Ele gosta desse jeito.

Sócrates:

Então eles são escravos de Deus?

Jesus:

Não! Eles o servem voluntariamente.

Sócrates:

E o que acontece se eles não o servirem voluntariamente?

Jesus:

Houve vários anjos, liderados por Satã, o demônio, que se rebelaram contra Deus e foram banidos do Paraíso para o tormento e a punição eterna.

Sócrates:

O que é o Paraíso?

Jesus:

É um lugar maravilhoso, nas alturas do céu. Lá, as ruas são pavimentadas com ouro. Lá, tudo é pacífico e bonito. Deus mora lá e todos que crêem nele vão para lá quando morrem. Lá, os homens têm vida eterna, têm asas, reverenciam Deus, tocam harpas em eterna harmonia, felizes para sempre. O propósito e o objetivo da vida do homem é ir para o Paraíso quando morrer.

Sócrates:

Olha, isso soa parecido com a conversa de quem comeu flor de Lótus. Se este fosse o propósito da vida, não poderíamos simplesmente nos intoxicar com vinho ou drogas e nos sentir no paraíso a qualquer hora, como os mendigos e bêbados que se vêem do outro lado da cidade?

Jesus:

A Bíblia diz “não abusarás do vinho ou de bebidas fortes”.

Sócrates:

Se o único propósito da vida do homem fosse ir para Paraíso, por que ele simplesmente não se mata e vai para lá?

Jesus:

Não matarás!

Sócrates:

Para começar, se Deus quisesse que o homem fosse para o Paraíso, por que o colocou na Terra? Por que simplesmente não colocou o homem no Paraíso desde o começo? Acho difícil de acreditar que o homem, com toda a sua capacidade, seus desejos e complexidades, tenha sido criado meramente para se curvar e para reverenciar. Certamente, não existe, nem nunca existiu, um tirano humano tão frívolo e orgulhoso que quisesse que seus súditos simplesmente se curvassem e o venerassem de forma obsequiosa e subserviente, disponíveis do alvorecer até o pôr-do-sol, solitário para toda a eternidade. Eu entendo muito bem por que Satã quis se rebelar contra essa situação estática, regulada, opressiva e maçante. Pelo que você já me contou, eu teria que me aliar a Satã nessa rebelião, pois, embora me considere um homem humilde, eu não poderia me curvar e adorar, nem cantar preces para um ser que me ameaçasse com punições e tormentos eternos.

Jesus:

O Senhor teu Deus é um deus ciumento e não deves ter outros deuses diante dele.

Sócrates:

Por que Satã se rebelou? Ele sabia que Deus era tão poderoso, como você o descreveu, e que sua derrota era inevitável?

Jesus:

Satã se rebelou porque ele era orgulhoso e queria mandar no paraíso. Ele conhecia uma parte do grande poder de Deus (que era maior que o seu próprio poder), mas ele desejava o poder tão ardentemente que resolveu tentar de qualquer maneira.

Sócrates:

Então, Satã certamente foi corajoso, lutando contra um inimigo que ele não podia derrotar.

Jesus:

Ele era um pecador porque desobedeceu a vontade de Deus.

Sócrates:

Parece, então, que a única diferença entre Satã e Deus é o grau do poder.

Jesus:

Deus é perfeito. Ele é onipotente, onisciente e imaculado.

Sócrates:

Claro, por definição, ele não peca por que não pode desobedecer a si mesmo. A única diferença real entre os dois é o grau de poder. Portanto, Satã não errou nem pecou ao se rebelar contra Deus; ele só errou ao ser derrotado na rebelião. Pois, se ele tivesse vencido, Deus é que seria o pecador, pois Deus teria desobedecido a Satã, que seria melhor que Deus e outros anjos, porque ele não poderia pecar contra si mesmo e ele é que seria onipotente. Se Satã tivesse vencido, teria se tornado Deus, pela sua definição, porque ele teria sido onipotente e sem pecados. Quem sabe se não foi exatamente isso que aconteceu? Pela sua descrição de Deus, começo a suspeitar que Satã venceu.

Jesus:

Deus é mais do que simplesmente poder e completa falta de pecados:ele é justiça infinita, piedade, paz, compaixão e perdão. Satã é impuro, egoísta, destrutivo e maligno.

Sócrates:

O que aconteceu a Satã depois que ele foi expulso do Paraíso?

Jesus:

Ele foi jogado no Inferno por Deus, para ser atormentado e torturado para todo o sempre.

Sócrates:

O que é o Inferno e por que Satã fica lá, se é um lugar tão doloroso e desagradável?

Jesus:

Deus o trancou no Inferno e não permite que ele saia. Deus criou o Inferno para punir Satã e todos os homens que não tenham fé em Deus. É um fogo incessante de queimadura, tortura, agonia e tormento. Todos os pecadores que não pedirem perdão a Deus e não tiverem fé nele vão para lá para toda a eternidade para serem torturados pelo Demônio.

Sócrates:

Se Deus é justo ou piedoso, como ele pode fazer isso para um inimigo que o combateu em batalha? Por que Deus simplesmente não perdoou Satã depois de derrotá-lo, como os homens geralmente fazem com nações capturadas, depois de havê-las derrotado? Parece que os homens são mais piedosos do que Deus, na vitória, pois não tratam os derrotados com tamanhos terrores, nem pelo período de uma vida, muito menos por toda a eternidade. Por que Deus não mostra as qualidades que você descreveu, como justiça, piedade, compaixão e perdão a Satã? Certamente, essa natureza guerreira de Deus contrasta muito com a descrição de um Deus pacífico, piedoso e que perdoa tudo.

Jesus:

Deus tem maneiras misteriosas de executar suas maravilhas.


Sócrates:

Se Satã está preso no Inferno, como poderia levar pragas e tormentas à Humanidade, e por que Deus permite isso, se ele é onipotente e tão bondoso? Se Deus é todo poderoso, que negócio é esse de ele permitir que Satã sobreviva? Por que não o destrói? Nessa altura da conversa, já imagino se não teria sido melhor que o outro tivesse vencido.


Jesus:

Deus permite que Satã saia para que traga pragas e tormentas para a Humanidade, para punir o homem por seus pecados no Jardim do Éden.

Sócrates:

O que é o Jardim do Éden?

Jesus:

Quando Deus criou o primeiro homem e a primeira mulher, Adão e Eva, ele os colocou no Jardim do Éden. Quando foram criados, eram puros e sem pecado. Foi assim que Deus os criou. O Jardim do Éden era um paraíso bonito, que lhes provia tudo que precisavam. Eles não precisavam trabalhar. Bastava coletar as frutas dos galhos de árvores opulentas. Eles eram inocentes e despreocupados como crianças e não sabiam nada sobre o amor carnal. Tinham um ao outro como companheiro e adoravam e reverenciavam Deus, que sempre os visitava.

Sócrates:

Por que Deus criou a humanidade?

Jesus:

Porque ele estava só.

Sócrates:

Por que ele simplesmente não criou mais alguns anjos, que eram mais seus iguais, em vez dessa forma de vida tão inferior, o homem? Será que ele não queria mesmo escravos servis que ele pudesse observar sentindo medo, reverência e adoração a ele?

Jesus:

Uma vez que ele é nosso criador, nós lhe devemos mesmo reverência, adoração e obediência.

Sócrates:

Será que o filho de um criminoso lhe deve obediência ou será que tem o direito e a obrigação de julgar por si mesmo, entre o certo e o errado? Que pecado, que ato de desobediência o homem cometeu no Jardim do Éden?

Jesus:

No centro do Jardim do Éden, Deus colocou a árvore do conhecimento. Deus disse a Adão e Eva para não comerem os frutos daquela árvore. Satã apareceu na forma de uma serpente e disse a Eva que ela teria grande conhecimento se comesse o fruto. Satã lhe disse que Deus temia que se eles comessem o fruto, poderiam se tornar tão grandes quanto ele. Depois que comeram, aprenderam sobre o amor sexual. Este foi o pecado original.

Sócrates:

O conhecimento é algo de que Deus gostaria de nos resguardar? Por que Deus quer nos manter distantes do conhecimento? Será que ele queria nos manter como escravos subservientes, rastejando aos seus pés? Parece-me que devemos agradecer a Satã e reverenciá-lo por sua ajuda. Satã se parece muito com o titã Prometeu, que desafiou as ordens dos deuses e trouxe ao homem o conhecimento do fogo. Por este serviço à humanidade, Prometeu, assim como Satã, foi submetido ao tormento e à tortura eterna. Certamente a vida humana valeria muito menos sem sexo, fogo e conhecimento.


Jesus:

Mas Satã estava mentindo para Eva, pois afinal não nos tornamos tão grandes quanto Deus, depois de comer a fruta. Ele mentiu para nós só porque queria destruir o trabalho de Deus.

Sócrates:

Se Deus é onipotente, por permitiu que Satã viesse ao Jardim do Éden para tentar Eva? E, para começar, se Deus não queria que o homem comesse do fruto proibido, por que pôs a árvore do conhecimento bem no meio do jardim? Se Deus não queria que o homem fizesse sexo, por que ele o equipou com os órgãos necessários para isso? Se Deus não queria que o homem cometesse o pecado original, por que lhe deu o desejo pelo conhecimento, pela aventura e pelo amor carnal?


Jesus:

Deus pôs a árvore do conhecimento no Jardim e permitiu que Satã fosse até lá porque ele queria testar a humanidade.


Sócrates:

Você disse que Deus é onisciente, que ele sabe tudo que acontece antes de acontecer. Certamente Deus já sabia como o homem se comportaria nessa ou em qualquer outra situação.

Jesus:

Deus deu livre arbítrio ao homem. Ele podia tanto ser virtuoso e obedecer a Deus quanto ser pecador e desobedecer a palavra de Deus.

Sócrates:

Deus sabia que o homem poderia pecar?

Jesus:

Ele sabia que o homem poderia pecar mas ele lhe concedeu livre arbítrio para tomar sua própria decisão.


Sócrates:

Deus não poderia ter criado o homem de forma que ele não pudesse pecar? Não poderia ter criado o homem de forma que ele não pecasse nessa situação particular?


Jesus:

Sim, pois se Deus é onipotente, ele poderia ter feito isso, mas ele não queria que o homem fosse um marionete; queria que ele tivesse livre arbítrio.


Sócrates:

Deus poderia ter criado o homem com duas cabeças e três pernas ou de qualquer outro jeito que ele quisesse?

Jesus:

Deus poderia ter criado o homem do jeito que ele quisesse.

Sócrates:

Deus criou o homem do jeito que ele quis? Ele quis que o homem tivesse uma cabeça, duas pernas e que tivesse a aparência que tem?

Jesus:

Claro, Deus é perfeito e onipotente. Ele não poderia cometer um erro.

Sócrates:

Então Deus jamais errou e criou o homem exatamente da maneira que quis, em todos os sentidos?

Jesus:

Sim.

Sócrates:

Então você e eu fomos criados exatamente do jeito que deus quis que fôssemos? E Adão e Eva foram criados exatamente do jeito que Deus quis que fossem?

Jesus:

Sim, foi isso que eu disse.

Sócrates:

Tudo que é parte do homem veio de Deus?


Jesus:

Sim, Deu é o mestre e o controlador, o criador de tudo.

Sócrates:

O Demônio ou outra força qualquer criaram alguma parte do homem?

Jesus:

Não, Deus é o criador de tudo.

Sócrates:

Então, se Deus criou os olhos, pernas e a mente do homem, também criou os desejos do homem, todos os seus desejos, inclusive seu desejo por conhecimento e pelo sexo. Por que os homens pecam?


Jesus:

O homem peca por causa de sua fraqueza e sua natureza maligna.

Sócrates:

A natureza do homem é parte homem, assim como suas mãos, seus pés são parte do homem?

Jesus:

Sim, a natureza do homem é parte do homem.

Sócrates:

Quem criou o homem?


Jesus:

Deus.

Sócrates:

Quem criou as mãos e pés do homem?

Jesus:

Deus.


Sócrates:

Quem deu ao homem duas mãos e dois pés e o fez exatamente como eles são hoje, exatamente como eles eram no tempo de Adão e Eva?


Jesus:

Deus.


Sócrates:

Quem criou a natureza humana?

Jesus:

Deus.


Sócrates:

Quem deu ao homem sua natureza maligna e suas fraquezas? Deus deu, porque tudo que é parte do homem veio de Deus e só de Deus.

Jesus:

Deus deu ao homem o livre-arbítrio.

Sócrates:

Quem decidiu que o homem devia ter duas mãos? O diabo?

Jesus:

Não. Deus decidiu que o homem teria duas mãos.

Sócrates:

Quem decidiu que o homem teria franquezas e uma natureza maligna? O diabo? Não, foi Deus que decidiu que o homem teria fraquezas e natureza maligna. Se a humanidade é falha, maligna ou fraca, é porque Deus pôs falhas ou fraquezas nele e tinha mesmo essa intenção. Deixe-me contar a você outra parábola. Você alguma vez já viu pássaros matando peixes no mar? Quem pôs isso no pássaro, essa capacidade de localizar o peixe e de matá-lo?

Jesus:

O homem tem livre-arbítrio. Deus não o obriga a pecar. Ele simplesmente lhe deu a oportunidade de ser virtuoso ou pecador. O homem não teria valor algum para Deus, se fosse apenas um boneco de marionete, que não pudesse fazer nada a não ser o bem. Ele quis dar ao homem a oportunidade de ser bom ou mau conforme seu próprio mérito, sua própria escolha.

Sócrates:

É absurdo que Deus puna o homem depois de criá-lo. É como se um Homero escrevesse uma ode sobre um porco e depois chicoteasse e batesse nas páginas e as condenasse ao fogo eterno porque ele não gostasse das qualidades do animal. Ou como se um mestre da escultura fizesse uma estátua perfeita de um porco e batesse nela por toda a eternidade, porque não gostasse dos traços do animal.


Jesus:

Deus não criou o homem com uma natureza má nem predeterminou que ele devesse pecar.

Sócrates:

Então quem fez isso?

Jesus:

Deus criou o homem para ser inocente e naturalmente bom. Deus pôs o homem num paraíso, no Jardim do Éden. Ele deu ao homem livre-arbítrio e permitiu que Satã fosse ao Jardim do Éden para testar a humanidade. Deus não predeterminou que o homem deveria pecar.

Sócrates:

Mas Deus criou tudo que levou a essa combinação, situação ou ambiente. Quando ele criou cada um dos elementos ou ingredientes na situação, sabia exatamente como cada um iria reagir aos outros em qualquer circunstância, porque ele sabe tudo. Ele pretendia que cada elemento fosse exatamente como ele era, porque ele era onipotente e não poderia cometer um erro. É como se um cientista ou médico tivesse combinado diversos ingredientes num remédio, que embora fossem inofensivos isoladamente, tornavam-se um veneno mortal quando combinados; e então, depois de administrá-lo no paciente, negar qualquer responsabilidade sobre sua morte. Exatamente dessa forma foi que Deus combinou muitas coisas: um homem inocente, a árvore do conhecimento, um belo jardim e um anjo.

Jesus:

Todos pecaram e se afastaram da glória de Deus.

Sócrates:

Parece-me que seu Deus Senhor criou o homem meramente para observá-lo sofrer. Esse trabalho de Satã, o Jardim do Éden, o livre-arbítrio, é tudo fachada. Deus só queria uma desculpa para intimidar, perseguir, atormentar e oprimir a humanidade. Se um ser onipotente e onisciente cria tudo e permite que suas criaturas reajam de certa forma, na verdade ele pretendia que elas agissem daquele jeito e é o único responsável pelos resultados.


Jesus:

Não zombe de Deus. Não fale desse jeito ou você vai ser jogado na fornalha na qual você vai ranger os dentes para sempre, atormentado e torturado.


Sócrates:

Eu achava que nossos deuses olímpicos eram perversos e irracionais, mas eles parecem mansos cordeirinhos, piedosos e compreensíveis se comparados a esse seu Deus, que atormenta e tortura alguém para toda a eternidade por que essa pessoa fez o que foi forçada a fazer em função de sua natureza e do ambiente criados por esse mesmo Deus.

Jesus:

Oh, dê graças ao Senhor porque ele é bom, porque sua piedade dura para sempre.

Sócrates:

Por que, se é um deus de paz e piedade, ele atormenta a humanidade e permite e até encoraja e exige banhos de sangue sobre a terra? Por que permite, exige mesmo, que Satã tente e torture a humanidade? Já que você diz que nada acontece sem que ele saiba e não apenas saiba, mas tenha feito acontecer, esse ser todo-poderoso e que sabe tudo e que cria tudo, determina tudo, esse ser tem que saber como suas criações vão agir.

Jesus:

Deus deu livre-arbítrio ao homem porque não queria que ele fosse um simples marionete. Deus não queria que o homem pecasse. Deus ficou muito desapontado quando o homem pecou.

Sócrates:

Deus não poderia, de forma alguma, ficar desapontado, porque ele conhecia a natureza do homem e de tudo mais que ele criou. Se ele é todo-poderoso, ele pretendia que homem pecasse. De fato, ele o forçou a pecar, quando o criou com certos desejos e certas fraquezas.


Jesus:

Isso que você diz é blasfêmia. Deus criou o mundo e todas as plantas e animais para o prazer do homem. Olhe para o lindo mundo à sua volta. Como você pode dizer coisas tão terríveis sobre Deus depois de ele ter lhe dado tanto?


Sócrates:

Eu não posso mesmo acreditar nisso. Como poderia um deus tão perverso, sádico e odioso criar um mundo com tanta beleza? Mesmo o homem, com toda a maldade que às vezes parece possuir, tem momentos que exibe uma força incrível, auto-sacrifício, lealdade e graus variados de qualidades conflitantes como a piedade e a justiça. Seu Deus Senhor não tem nenhuma dessas qualidades. Certamente nunca houve um homem tão vil que fizesse a outros homens o que você diz que seu Deus faz para aqueles que não o respeitam: torturar para todo o sempre. Qualquer homem, não importa o quanto tenha sido enganado, torturado ou ofendido – como Príamo, cujo clã inteiro foi dizimado, ou Agamenon, que foi traído por sua esposa e o amante dela – mesmo esses perdoariam depois de anos ou séculos de tortura ao seu inimigo.


Jesus:

Eu sou o caminho, a verdade e a luz. Ninguém vai ao Pai se não for por mim. Creia em mim e tenha vida eterna no Paraíso; renegue-me e sofra a tortura eterna no Inferno.


Sócrates:

Se eu aceitasse seu sistema, teria que me aliar a Satã, contra seu Deus, mesmo sabendo que eu seria atormentado e torturado para sempre. A injustiça e a perversidade do seu Deus são chocantes. Eu tenho ouvido falar coisas horríveis sobre sacrifícios humanos em costas distantes, mas tenho certeza que nem eles pensariam em coisas como torturar vítimas por toda a eternidade. Tenho ouvido histórias aterrorizantes sobre monstros, ciclopes e medusas, mas esses monstros são animais mansinhos se comparados às coisas descritas no seu livro de revelações. E você quer me convencer da natureza pacífica, piedosa e perdoadora do seu Deus Senhor.


Jesus:

Somos todos filhos de Deus. Deus é nosso pai, não quer que pequemos e nos pune quando o fazemos. Ele é justo e piedoso e só nos manda, seus filhos, para o Inferno, para a danação e o tormento eterno por nossas próprias faltas. Por nossos pecados e nossa volúpia sexual, como Adão e Eva, ele não tem escolha, senão nos punir, pela tortura e o fogo eternos.

Sócrates:

Você diz que somos filhos de Deus. Ele é um verdadeiro monstro que tortura seus próprios filhos por terem olhos, pernas e desejos que ele mesmo lhes deu. Que esse diabo malabarista não seja mais acreditado, pois nos engana duplamente e mantém a palavra de promessa aos nossos ouvidos, mas a quebra em nossa esperança. Não vejo propósito, nem razão, nem verdade, nem piedade, nem justiça, nada além de caprichos de um poder cruel. De fato, os seres humanos, apesar de seus caprichos, egoísmo e fraquezas, parecem ter mais qualidades que seu Deus. Seu Deus é demoníaco, sádico, um diabo psicótico.

Jesus:

Nós somos meros humanos e não podemos entender os mistérios infinitos de Deus. É nosso dever sermos fiéis a ele, acreditarmos nele e o seguirmos. Não nos cabe perguntar por quê, mas apenas fazer e morrer.

Sócrates:

Não nos cabe perguntar? Mas e por que fomos dotados de mentes? Se não nos cabe discutir como viver e qual o propósito da vida, por que estamos discutindo isso agora? Por que você passa sua vida pregando para o povo? Por que você arriscou sua vida desafiando as ordens dos romanos?

Jesus:

Pela fé nós somos salvos e que ninguém duvide disso.


Sócrates:

Fé? O que você quer dizer com fé?

Jesus:

Devemos acreditar sem pedir provas. Não devemos ser incrédulos como Tomás. Se acreditarmos em Deus, seremos mil vezes recompensados por todos os nossos problemas e atribulações, quando estivermos no Paraíso.

Sócrates:

Você diz que devemos acreditar em tudo que nos dizem, sem investigar ou examinar; devemos ser ingênuos? Se eu fosse assim, daria minha bolsa para qualquer um na rua que me prometesse devolver, depois, mil vezes o valor dela. Eu seria um tolo agindo da forma que você diz. E você não pede apenas dinheiro, mas que eu dedique minha vida inteira a uma promessa e um propósito sem jamais considerar seus valores. Um ladrão exige meu dinheiro ameaçando minha vida. Você exige minha vida me ameaçando com tortura e me prometendo o paraíso. Eu não sou um manso nem um tolo ingênuo para ser enganado assim por promessas vazias e ameaças.

Jesus:

Os mansos herdarão a Terra.

Sócrates:

Os mansos são massacrados e são escravizados como as mulheres e crianças de uma nação derrotada.


Jesus:

Você não deve questionar Deus!

Sócrates:

Eu nunca encontrei esse cavalheiro, portanto não posso questioná-lo. Eu estou questionando você, que se diz representante dele, pois quero saber se realmente o representa.


Jesus:

Devemos acreditar na Bíblia, nas Escrituras, na Palavra de Deus. Acreditar sem esperar ser capaz de entender e sem exigir provas.

Sócrates:

É impossível para homem não escolher. Você tem noção de que existem milhares de religiões no mundo? Se acreditássemos só pela fé, teríamos que aceitá-las todas. Entretanto, elas todas são diferentes entre si, e aceitá-las todas seria impossível. Seria como acreditar, ao mesmo tempo, que o mundo é redondo e plano. Certamente você não pratica o que prega, pois, neste caso, você aceitaria a religião dos judeus e o Velho Testamento e não teria começado essa sua própria religião herege. E ontem, quando os sacerdotes de Atenas o advertiram para não pregar suas heresias nas ruas, você teria aceitado a religião grega e os deuses do Olimpo, pois estavam aqui primeiro e você deveria acreditar pela fé, já que eles lhe disseram que era verdadeira.

Jesus:

Pela fé somos salvos e que ninguém duvide disso.

Sócrates:

Deixe-me dar-lhe um exemplo específico. Suponha que o Oráculo de Delfos me contasse que certa pessoa fosse culpada de ter estuprado e matado minha esposa, e que eu deveria matá-lo, ou ele me mataria, temendo que eu descobrisse o seu crime e tentasse matá-lo. Então você me diz “Não Matarás!”. Você me diz que eu devo acreditar pela fé em tudo que eu ouvir. Seguindo sua instrução, devo matar o homem, devido à minha fé no Oráculo de Delfos. Entretanto, não devo matar o homem devido à minha fé no Deus Senhor. Mas eu não posso matar o homem e não matar o homem, pois são coisas contraditórias. Portanto, não posso acreditar em ambos. Portanto é impossível acreditar em qualquer coisa só pela fé. Existe uma escolha intelectual que eu, você e todos os homens fazemos, seja de forma voluntária ou não. Devemos escolher no que acreditar. O que você faria? Faria sua escolha pensando, discutindo e considerando todos os aspectos do problema ou negando cegamente que exista a necessidade de fazer uma escolha? Esta escolha é a mais importante na vida de um homem, pois a resposta à questão “qual é o propósito da vida?” determina todo o curso da vida de uma pessoa. Se um homem vai devotar cada movimento seu à sua religião, como você defende, então certamente ele deveria dirigir muito do seu pensamento à questão da escolha da religião. Deixe-me contar uma parábola: se você deve ir de uma cidade até outra numa tarefa que vai consumir sua vida inteira, não seria sábio considerar todas as estradas, já que algumas delas são freqüentadas por ladrões? Além disso, verificaria se não existe uma cidade mais próxima e segura para ir, ou, mais importante, se existe mesmo a cidade para onde vou, afinal.

Jesus:

Se você deseja honestamente conhecer a verdade sobre Deus, sobre a criação e sobre o propósito da vida, existe um caminho muito simples para descobrir a verdade. Tudo que tem a fazer a pedir que Deus entre no seu coração. Se você quiser sinceramente saber a verdade sobre Deus, o Espírito Santo entrará no seu ser e você se unirá a Deus. Nesse momento, você receberá a paz e o conhecimento do Paraíso; e quando você morrer, irá para o Paraíso e viverá para sempre em felicidade e contentamento.

Sócrates:

Desejo muito saber a verdade. O que, exatamente, eu preciso dizer para ganhar este conhecimento e essa sabedoria? Como é que eu falo com ele?

Jesus:

Diga, “Deus, entre no meu coração e me dê a sabedoria para entender a verdade”.

Sócrates:

Quer dizer que simplesmente repetindo isso eu vou ganhar conhecimento sobre o propósito da vida?

Jesus:

Sim. O Senhor diz “procura e encontrarás, pergunta e terás a resposta, bata à porta e ela se abrirá para ti”. Deus prometeu revelar a verdade para todo aquele que procurá-la.

Sócrates:

Deus, entre no meu coração e me dê a sabedoria para entender a verdade!

Jesus:

Então está feito. Agora agradeça a Deus por ter dado a vida eterna a você.

Sócrates:

Mas não aconteceu nada! Não sei nada mais sobre o propósito da vida do que eu sabia antes.

Jesus:

Então você não foi sincero. Você não desejou realmente que Deus entrasse no seu coração e lhe mostrasse a verdade. Você não tem fé que ele entrará no seu coração.

Sócrates:

Eu desejo verdadeiramente saber a verdade. Dediquei minha vida inteira ao estudo da filosofia e da razão. Desejo conhecer o propósito da vida mais do que desejo a própria vida. É uma resposta que tenho buscado desde que vi o sol pela primeira vez. A não ser que a encontre, vou continuar a procurá-la até o dia da minha morte. Talvez ele não tenha me ouvido. Devo pedir de novo, mais alto?


Jesus:

Você falhou em encontrar a resposta porque não tem fé. Se um homem tem a fé do tamanho de um grão de mostarda, ele pode mover uma montanha e tudo que ele desejar acontecerá.

Sócrates:

Isso é impossível. Será que alguma daquelas pessoas que seguiam você hoje tinha parentes ou amigos doentes ou morrendo? Com certeza havia, e com certeza, caso fossem bons cristãos, desejariam que estes amigos ou parentes não estivessem doentes, nem morressem, mas que ficassem saudáveis e felizes novamente. Ninguém vai ser tão tolo de dizer que não tem um amigo à morte. Ninguém vai ser tão insensível de dizer que nunca desejou que o amigo vivesse. Portanto, segue-se que nenhum cristão em todos esses séculos jamais teve fé em Deus, ou então Deus estava mentindo.

Jesus:

O Senhor dá e o Senhor tira. Abençoado seja o nome do Senhor.

Sócrates:

Vou apresentar uma parábola para provar que nunca houve um cristão ou judeu que tivesse fé; e provar que Deus estava mentindo quando prometeu vir ao coração dos homens para lhes ensinar o propósito da vida. Primeiro, você concorda que o Inferno é pior do que qualquer possível desgraça terrestre?

Jesus:

Sim, com certeza.

Sócrates:

E, você não disse que todos os homens são pecadores que se afastaram da glória de Deus?

Jesus:

Sim.

Sócrates:

Todo cristão ou judeu que tenha fé acredita que vai para o inferno se pecar. Permita-me mais essa parábola:cada cristão é como um homem que está no alto de um despenhadeiro. Sabe que se cometer um pecado, cai para a morte, ou pior, para o tormento eterno. Você disse que o Inferno é pior que qualquer punição terrena imaginável. Nenhum cristão pleno de fé jamais pecaria, por pior que fossem seus problemas ou seus desejos, pois isso seria saltar no precipício do tormento eterno. Você disse que todos os homens, inclusive cristãos e judeus fiéis, são pecadores. Portanto, nenhum cristão ou judeu, desde o início dos tempos, jamais acreditou que realmente iriam para o Inferno. Por que se acreditassem mesmo nisso, não pecariam. Não saltariam no abismo se acreditassem que o Inferno e o tormento eterno os esperassem lá em baixo. Todos pulam no abismo. Todos pecam. Portanto nenhum deles realmente acredita em você. Conseqüentemente, Deus não entrou no coração deles mais do que entrou no meu, minutos atrás. Portanto, Deus não tem o direito de exigir que ajam como cristãos ou que tenham fé nele. Portanto, Deus não tem o direito de punir ninguém nem de mandar ninguém para o Inferno. Portanto seu Deus não é justo. Portanto seu Deus não é Deus.

Jesus:

Olhe para o mundo à sua volta. Isso não prova que Deus existe? Veja a natureza bela e benevolente que faz você forte e saudável, e lhe dá o sol para lhe aquecer e a floresta e o campo para lhe alimentar. Você não devia adorar a Deus por tudo que ele lhe deu?

Sócrates:

É, admito que a natureza é boa e benevolente, mas quem mandou o granizo que quebrou meu telhado?

Jesus:

Só porque existe algum mal no mundo, não se pode negar o bem:você deve agradecer a Deus por isso. Deus tem que existir, pois de onde teria vindo o mundo, se ele não o tivesse criado?

Sócrates:

Não foi necessariamente o seu Deus que criou o mundo:há milhares de outros sacerdotes que reclamam a autoria dessa obra para seus próprios deuses. Só porque não tenho a resposta, não significa que devo aceitar a sua sem examiná-la. Eu poderia usar a mesma lógica e pedir que você acreditasse que Zeus criou o mundo. E mesmo que eu aceitasse que Deus criou o mundo, esse seria o fim da sua definição das qualidades de Deus e não poderíamos continuar logicamente, a partir disso e assumir que os outros aspectos da sua definição são verdadeiros.

Jesus:

Espere, não vá! Você tem que salvar sua alma da danação eterna. Aceite Deus no seu coração. Eu não vou sair enquanto você não aceitar.

Sócrates:

Sim. São apenas elucubrações de um velho. Você é que deve estar certo, já que tem tantos seguidores. E quem seria eu, um velho decrépito, para pôr razão e filosofia acima da voz da multidão.

Jesus:

Agradeça a Deus por ter lhe dado a vida eterna.

Sócrates já tinha ido.

domingo, 22 de agosto de 2010

Análise PósCopa - Grupos G e H


Poster oficial da Copa do Mundo 2010

Grupo G
Palpite de classificados (em dezembro): Brasil(1º) e Costa do Marfim(2º)

Um grupo que prometia ser emocionante e com grandes jogos acabou sendo um dos mais chatos da Copa. Com craques como Drogba, Cristiano Ronaldo e Kaká, os jogos entre Brasil, Costa do Marfim e Portugal prometiam muito, no fim , nos três confrontos diretos entre estas equipes, dois 0X0 e muito chatos. A Coréia do Norte de fato foi um saco de pancadas, mas só pra Portugal, o Brasil parecia totalmente perdido, não só no jogo contra os norte-coreanos mas em toda a Copa.

Brasil

Campeão da Copa América, campeão da Copa das Confederações, primeiro colocado nas eliminatórias sul-americanas, tudo isso credenciava o Brasil como super favorito ao hexa, mas parece que isso subiu a cabeça dos jogadores e do técnico. brigas desnecessárias com a imprensa fizeram com que a derrota fosse ainda mais "malhada" na mídia nacional, e todo o trabalho que Dunga fez durante os quatro anos como ténico foi por ralo abaixo. No jogo contra a Holanda os jogadores pareciam estar possuídos, com uma raiva completamente desproporcional, talvez inspirada em um ténico desiquilibrado. Não fizeram da concentração uma zona como em 2006 e perderam do mesmo jeito, eliminados nas quartas de final, e, ao contrário do que Dunga e Jorginho dizem, não houve legado nenhum e toda a situação foi tão ruim quanto a de 2006, de fato os jogadores se empenharam mais na seleção, mas também viraram marionetes. E não vamos esquecer do maior culpado de todos, aquele que estava na CBF em 2006 e 2010: Ricardo Teixeira.

Coréia do Norte

Tinha dito em dezembro que ela iria sofrer a maior goleada do torneio, acertei. Fora isso a Coréia do Norte não fez nada, como já era esperado. O choro do jogador na hora do hino foi o ponto alto da equipe. Os jogadores e o técnico foram punidos por perderem por 7X0 de Portugal quando chegaram em casa, mas não se preocupem, eles são os sortudos, como em qualquer regime comunista, a imensa maioria da população morre de fome, tem uma vida miserável e com certeza nunca vão viajar nem nos sonhos para a África do Sul, isso sim é igualdade hein?!

Costa do Marfim

Os maiores mentirosos da Copa. Apostei que eles passariam para a fase seguinte, mas não sabia que o esporte deles na verdade é luta. Time forte, mas não tecnicamente, e sim fisicamente. Drogba é uma exceção, um verdadeiro craque, de resto, pelo menos na seleção, a única coisa que sabem fazer é bater. O pior é que nas suas equipes estes mesmo jogadores demonstram uma boa técnica, ou seja, sabem jogar bola, só não fazem isso na seleção.

Portugal

Portugal só jogou um jogo na Copa do Mundo: 7X0 contra Coréia do Norte. Nos outros três jogos não marcou nenhum gol e não mostrou nada nem sequer de razoável. Time ultra dependente de Ronaldo e com poucos jogadores que pudessem fazer diferença. Fez o que pode na Copa, mostrando que deveria ter ficado nas eliminatórias mesmo pois, se não consegue ganhar da Grécia em casa numa final de EuroCopa, quem dirá de outras grandes equipes em uma Copa do Mundo.

Grupo H
Palpite de classificação (em dezembro): Espanha(1º) e Chile(2º)

Este eu acertei em cheio! Grupo da equipe campeã do mundo, o grupo H não teve lá grandes jogos, mas proporcionou a maior surpresa da Copa, não, não foi a vitória da Suiça, foi sim o fato dos helvéticos fazerem um gol! Equipe extremamente retranqueira, parecia que iria se animar com a vitória sobre a Espanha, mas nada. O leitor deste blog, Victor Paulino, tinha dito que apostava na Suiça e quando eles venceram pensei "ele acertou!", mas a ofensiva suiça não foi muito longe.

Espanha

Campeã do mundo com louvor. Não foi nehuma equipe espetacular, mas jogou um futebol de resultado. Não fez mais do que o necessário para vencer seus jogos, ganhando a maioria pelo placar mínimo, mas mesmo assim jogou um bom futebol, muito longe daquele que todos esperavam, mas bom. Depois do susto no primeiro jogo relaxaram e, com uma concentração aberta para imprensa e torcedores (isso mesmo, concentração aberta, ouviu isso Dunga) mostrou que não é o tipo de concentração que ganha a Copa e sim jogar futebol.

Suíça

Teve como ponto alto a vitória sobre a Espanha, depois disso mostrou que falta aprenderem a marcar gols. De fato, a Suiça só foi eliminada por que não marcou um gol pelo menos em Honduras. Para próxima Copa talvez eles aprendam, agora que já sabem que tem uma boa defesa, é hora de apostar no ataque.

Honduras

Honduras veio para participar e fez isso muito bem. Tinha até uma remota chance de classificação na última rodada, mas para isso teria que jogar bem, coisa que a equipe centro-americana não sabe fazer. Ganhou experiência mas acredito que não chegue a disputar outra Copa tão cedo, classificou-se por um acaso e não tem um time dos melhores.

Chile

Fez o que se esperava dele: passou de fase e perdeu para o Brasil. Foi visto nesta Copa que as equipes sul-americanas de fato evoluíram, mas ainda falta aquele algo a mais. Chile, Paraguai, Uruguai e até Equador, tem equipes que estão no meio termo: vencem equipes médias e perdem para as grandes. É preciso dar um passo a mais se quiserem algo a mais em grandes competições e, para o Chile, antes de sonhar com Copa do Mundo deve pelo menos ganhar uma Copa América, ano que vem terá uma nova chance, vamos ver como se sairá.

Em breve análise final da Copa, aguarde!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Análise PósCopa - Grupos E e F

Grupo E
Palpites de classificados (em dezembro): Holanda(1º) e Camarões(2º)

Acertei com a Holanda errei com Camarões. Tinha dito em dezembro que se Eto'o se inspirasse poderia levar a seleção nas costas e até chegar longe, mas o craque camaronês só falou: disse que Camarões iria ganhar a Copa. Acabou eliminado em último lugar sem nenhum ponto, mais um fracasso pro futebol africano. Fora isso, o destaque para o Japão, que fez uma boa Copa.

Holanda

E a Holanda foi vice, de novo. Acreditava que os holandeses passariam sem muitas dificuldades até as quartas, mas chegar a final não imaginava. Apesar da Holanda estar invicta há muitos jogos antes de chegar a Copa e de ter alguns jogadores de destaque na última Champions League, ainda sim não botava muita fé nesse time. E, de fato, o time holandês não é, nem de longe, o segundo melhor do mundo e só conseguiu chegar com uma ajudinha do Brasil, que preferiu ficar com raiva do que jogar futebol.

Dinamarca

Não sei o que dizer sobre a Dinamarca. Veio para a Copa, jogou e foi embora. Não deixou saudades e nem lances bizarros (teve gol contra, mas não bizarro). Time muito sem sal que vive das lembranças da Dinamáquina, mas isso já passou a bastante tempo. Ter ido a Copa já foi muito para os nórdicos.

Japão

Sensação desse grupo o Japão me fez quebrar a cara. Tinha dito que os samurais não tinham nenhum destaque e que nem poderiam ser categorizados como "chatos", ledo engano. O Japão jogou dentro de suas limitações e se saiu bem nisso, além de ter um dos melhores jogadores do torneio, Honda, que marcou um belo gol contra a Dinamarca. O brasileiro naturalizado Tulio, também fez uma boa Copa, enfim, o Japão me provou que tem uma equipe que pode ser chamada de "chata", mas tem que melhorar e muito se quiser mais do que oitavas.

Camarões

Decepção total. Brigas nos bastidores, Eto'o sem jogar nada e desentendimento dentro de campo. Camarões não apresentou o futebol esperado e acabou indo embora com três derrotas. É lamentável ver que as equipes africanas não se prepararam para a Copa em seu continente, e já sabiam disso há seis anos atrás. Não me parece uma equipe para se ver aqui no Brasil em 2014, temo que Camarões caia no limbo do futebol.

Grupo F
Palpite de classificados (em dezembro): Paraguai(1º) e Itália(2º)

Se tivesse confiado nos meus instintos teria acertado. Só não desclassifiquei a Itália por não confiar em Eslováquia ou Nova Zelândia, mas pra mim não foi surpresa a eliminação da Azzura. O time já era ruim na campanha do tetra e, quatro anos depois, ficou pior ainda. E não adianta botar culpa no número de estrangeiros no Calccio, porque o problema é muito maior do que isso. Uma boa campanha do Paraguai, Eslováquia surpreendente e, mais surpreendente, a Nova Zelândia sai da Copa sem perder.

Itália

Como já disse, seleção fraca que não foi nenhuma decepção, pois já esperava esse baixo desempenho. Única surpresa foi terminar em último. A verdade é que o futebol italiano há tempos que vive uma crise, com escândalos de corrupção e falta de qualidade das suas equipes, tanto pequenas quanto as gigantes (vide Juventus). O título de 2006 serviu mais para esconder a verdadeira Itália.

Paraguai

Fez uma boa Copa e mostrou que tem muito mais a mostrar. Poderia ter ganho da Itália se jogasse pela vitória e poderia ter ganho da Espanha também (até perdeu penalti quando o jogo estava 0X0). Os paraguaios mostraram ser uma equipe competitiva e chegaram ás quartas, o que pode fazer com que o pensamento da selção fique mais amplo o que pode fazer com que na próxima Copa América ou Copa do Mundo, eles joguem para vencer.

Nova Zelândia

Era pra ser um saco de pancadas e acabou sendo uma surpresa. Se tivesse pelo menos um jogador de nível internacional na equipe kiwi era possível sim a classificação. Apesar desse bom desempenho, não acredito que o futebol neozelandês evolua muito, o país ainda não tem um campeonato profissional e fica na Ocenia, o que faz com que não enfrente adversários mais fortes.

Eslováquia

Fez um excelente jogo contra a Itália, e só. A Eslováqui até que fez uma boa Copa, mas vai ficar marcada mesmo por vencer e despachar a então atual campeã do mundo. Não tem um time lá tão talentoso e duvido que venha para o Brasil, mas em todo o caso honrou a tradição da Tchecoslováquia.

Em breve os últimos dois grupos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Análise PósCopa - Grupos C e D

Grupo C
Palpite de classificados (em dezembro): Inglaterra(1º) e Estados Unidos(2º)

"Grupo fácil para a Inglaterra", foi o que eu disse lá em dezembro, e de fato era fácil, so faltou a Inglaterra jogar bola. Acertei os classificados mas na ordem inversa. Esse grupo foi bem estranho na verdade, como frangos e jogos esquisitos, com gols anulados e feitos nos últimos lances. Segue as análises individuais.

Inglaterra

Uma das grandes decepções da Copa, só não ganhou da França porque pelo menos fora de campo não deu vexame, mas dentro dele....Uma das seleções com melhor elenco da Copa não conseguiu bater Argélia e teve dificuldades contra a Eslovênia. Tá certo que o 4X1 contra a Alemnha não foi tão justo, visto que os ingleses tiveram um gol claríssimo anulado (exatamente o inverso de 1966), mas do jeito que os súditos da Rainha jogaram mereceram a derrota. Time bom com cara de time ruim, decepção total.

Estados Unidos

A equipe norte-americana fez uma boa Copa, dentro de seus limites. Empatou com ingleses, venceram os eslovenos, mas o árbrito achou que não, e, em um jogo emocionante, bateram argelinos e ficaram no primeiro lugar do grupo e acabaram eliminados nas oitavas por Gana. Legal foi ver a imprensa e o público americano se interessando pela Copa, espero muito deles aqui em 2014, pois tem uma boa seleção de base e pelo jeito o interesse na nação pelo verdadeiro futebol está aumentando.

Argélia

Tinha dito lá atrás que a Argélia viria apenas pra participar, e foi isso que aconteceu. Saiu da Copa sem marcar gols e mostrando um futebol bem fraco. Pena que o Egito não se classificou, poderia ter ido mais longe que os argelinos, mas futebol é futebol. A Argélia até que tem alguns jogadores talentosos, mas em geral, como time, não tem lá muita força, mas acredito que melhorarão no futuro.

Eslovênia

Falando sobre os pontos fortes da Eslovênia perguntei se ela tinha algum, e hoje continuo com a pergunta. A esquipe foi uma surpresa e quase se classificou, mas não vi nada de diferente nos eslovenos, jogam um futebol bem fraquinho e de vez em quando dão sorte ou tem alguns lapsos de qualidade, mas nada de excepcional.

Grupo D
Palpite de classificados (em dezembro): Gana(1º) e Alemanha(2º)

Pra falar a verdade nem sei porque coloquei Gana em primeiro, acho que foi um daqueles palpites loucos que a gente faz na esperança de acontecer uma zebra, mas o fato é que quase aconteceu. Gana acabou se atrapalhando com a Austrália com um a mais e pareceu completamente sem vontade de vencer a Alemanha, mas enfim, alemães em primeiro.

Alemanha

Alternou entre altos e baixos na Copa. Começou super bem, jogou mal (e perdeu) contra a Sérvia e Gana, voltou a jogar bem contra Inglaterra e Argentina e não conseguiu impor seu jogo contra a Espanha. Time bom e com futuro, a Alemanha mostrou nesse mundial que tem time pra brigar pelo tetra no Brasil e seu campeonato subiu de nível na última temporada, contrastando com o que disse em dezembro (que o campeonato era fraco) enfim, o futebol alemão está mais vivo do que nunca.

Austrália

Trocar a Oceania pela Ásia ainda não surtiu um efeito muito positivo para os Socceros. Com um futebol muito longe de ser competitivo em uma Copa, os australianos vieram a passeio e mostraram que seu futebol precisa ser melhorado. A vitória contra a Sérvio (que em alguns momentos fez com que eles sonhassem com a vaga) não me impressionou muito, de vez em quando eles fazem alguns bons jogos (já até ganharam do Brasil) mas a seleção simplesmente não empolga e, sinceramente, não acho que jogar na Ásia vai melhorar algo.

Sérvia

A Sérvia tentou nesta copa recuperar a tradição da Iuguslávia, mas mostraram que estão longe disso. Até que tem um time bom, mas é só. Não há nada de excepcional no time sérvio e mostraram serem bem instáveis (venceram Alemanha e perderam para a Austrália), podem até recuperar o prestígio iuguslavo, mas tem que melhorar muito.

Gana

Boa copa da seleção ganesa, a única africana a chegar as fases de mata-mata. Time jovem e com potencial, que jogou a Copa sem seu principal jogador e ainda assim foi bem. Claro que o futebol ganês precisa melhorar e muito se quiser ser competitivo em nível profissional (nas categorias juvenis já é) mas parecem estar no caminho certo, só falta apostarem mais em técnicos de casa e não importarem europeus que muitas vezes não conhecem o país, eles precisam encontrar o "jeito ganês" de jogar futebol. Ah, e é importante frisar que Gana só não foi as semis porque Suárez do Uruguai resolveu jogar vôlei, mas são coisas do futebol (ou não).

Aguardem em breve grupos E e F.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Análise PósCopa - Grupos A e B


Soccer City, estádio da final

Depois de muito tempo e de pedidos incessantes dos milhares de leitores (mentira!) deste blog, segue a análise pós-Copa. Vou comparar com o que eu postei lá em dezembro e com o que aconteceu pra ver se eu acertei. Em resumo, apesar do baixo nível técnico, até que gostei dessa Copa. Tirando todas as falcatruas que rolaram por lá e que provavelmente rolarão aqui (ainda publicarei um post sobre isso), a Copa foi bem interessante, com jogos emocionantes e surpresas. Meu destaque fica para o surpreendente Uruguai, que voltou a uma semifinal depois de 40 anos, a Celeste está de volta! Já a grande decepção pra mim foi a França, que saiu da Copa marcando apenas um gol, com um time que tinha tudo pra ir longe. Falando em França, ela era do Grupo A, e agora segue a análise desse grupo e do Grupo B.

Grupo A
Palpite de classificados (em dezembro): França(1º) e África do Sul(2º)

Erro total meu. Nem França e nem África do Sul passaram, aliás, como já disse antes, a França foi a maior decepção. Esse grupo começou bem fraquinho com dois empates, mas teve jogos interessantes como Uruguai 3X0 África do Sul, jogo esse que mostrou que a Celesta ainda vivia no futebol. Segue as análises individuais.

África do Sul

Entrou para a história: a primeira anfitriã a sair na primeira fase. Triste mas previsível. O time sul-africano nunca empolgou nos seis anos em que estavam se preparando para a Copa, nem sequer se classificaram para a última Taça das Nações Africanas e dentro do continente não está nem no Top 10 de melhores seleções. O que me fez fazer aquele palpite era a crença no poder da torcida, mas não adiantou. Time fraco e sem estrelas, que jogava muito mais pela vontade. Mesmo assim venceu a França, e entrou para a história pessoal de Carlos Alberto Parreira: nunca o treinador havia vencido uma partida de Copa do Mundo que não fosse com o Brasil. Enfim, tiveram seis anos pra se preparar, mas preferiram construir elefantes brancos, paciência...

México

Fez o que sempre faz: chega as oitavas e perde. Nada de novo no México, quer dizer, quase nada. Tinha falado lá em novembro que este México não era tão forte quanto outros, e é verdade, mas o que percebi na Copa é que o de 2014 será mais forte do que os outros. Jovens jogadores se destacaram na equipe que perdeu para a Argentina com gol impedido e ajuda do Osório. Enfim, o México fez a Copa que sempre faz, mas mostrando que aqui no Brasil pretende ir muito além, se o apito deixar é claro.

Uruguai

Como já disse, meu destaque pessoal. Quando eu vi o primeiro jogo do Uruguai na Copa pensei "essa eu acertei". O time se mostrou extremamente fraco e sem opções, mas quando Oscar Tabaréz mudou Forlán do ataque pra armação, tudo mudou. O time jogou e jogou muito bem. Contra a África do Sul e México mostraram um futebol que ha tempos não se via nos uruguaios. Único sulamericano nas semis, o Uruguai honrou suas tradições e se esforçou ao máximo para conseguir o melhor que conseguisse, sendo que quase bateu a Holanda na semi, tá certo que também quase perdeu pra Gana, mas, a campanha foi excelente.

França

Decepção total, do início ao fim. Chegou a Copa com gol irregular e saiu pela porta dos fundos. Técnico, jogadores e dirigentes deram uma aula de como não se comportar em uma Copa. Discussões, brigas, fofocas e o futebol que é bom nada. Uma das melhores seleções da Copa no papel, saiu logo na primeira fase marcando um gol apenas, decepção é a palavra que melhor descreve a França'10.

Grupo B
Palpite de classificados (em dezembro): Argentina(1ª) e Nigéria(2ª)

Olha, vou dizer que quase acertei em cheio. Quase porque o Yakubu, da Nigéria, perdeu o gol mais feito que já vi na minha vida, gol esse que classificaria os nigerianos no segundo posto, mas como não existe "se", errei o segundo colocado. Grupo complicado e com poucos jogos (nenhum) bons. Segue as análises individuais.

Argentina

Fez o que se esperava dela: chegou ás quartas. Não fez o que a arrogância maradonesca esperava: ser campeã com o pé nas costas. A verdade é que esta geração argentina é uma das melhores dos últimos 20 anos, mas infelizmente (ou felizmente) não tinha um bom técnico. Maradona pecou ao não levar Cambiasso e Zanetti, jogadores que fizeram muita falta, e ainda escalou muito mal a sua seleção. Resta agora os argentinos juntarem os cacos do 4X0 pra Alemanha e tentarem algo a mais no Brasil.

Nigéria

O gol mais inacreditavelmente perdido da história. Esta cena ficará para sempre na minha memória como a imagem da Nigéria nesse mundial, um time sem nenhuma finalização. Há tempos que os Super Eagles deixaram de ser um emergente no futebol e voltaram a ser coadjuvantes. Colocar um técnico sueco há três meses da Copa foi a gota d'água, aliás, esse é o problema de todos os times africanos no mundial, mas vou falar mais sobre isso no último post.

Coréia do Sul

A Coréia do Sul mostrou o futebol da Coréia do Sul: ainda com muito a aprender. Ficou claro que o quarto lugar de 2002 foi um acaso. Apesar de ter passado para as oitavas, os sul-coreanos fizeram um futebol burocrático e sem criatividade. Tem potencial sim, tiveram alguns destaques individiuais e alguns jovens jogadores para os próximos anos, vamos ver como se sairam aqui.

Grécia

O que dizer da Grécia. Time ruim que jogou como time ruim. Como disseram os comentaristas da ESPN, se jogassem contra os suíços ninguém iria dar a saída de bola, pois isso seria ir muito para o ataque. Cada vez mais não consigo entender como ganharam a Eurocopa, só no futebol mesmo pra isso acontecer.

Aguardem os outros grupos em breve

Sessão Ateísmo - Jesus Camp, terror infantil

A Sessão Ateísmo vai ser meio que permanente aqui no blog, vou postar aqui coisas interessantes que vi em outros blog sobre ateísmo, principalmente o Ateu e á Toa e o Bule Voador. Segue a primeira postagem da sessão, que é sobre um excelente documentário que mostra uma realidade deprimente.

O vídeo abaixo é uma parte do documentário "Jesus Camp", indicado ao Oscar de melhor documentário em 2007. O documentário mostra um acampamento cristão nos Estados Unidos, mas o que faz com que ele seja realmente interessante é que o documentário é "neutro", não tenta passar imagem negativa ou positiva, apenas mostra os fatos, e isso já é aterrorizante. Apesar dos Estados Unidos terem as melhores universidades do mundo, esse vídeo mostra que gerações inteiras estão sendo perdidas porque fundamentalistas cristãos colocam seus filhos nestes acampamentos doutrinários e os fazem estudar em casa, onde pais ensinam que criacionismo é ciência pura e que a evolução é crença. Fiquei enojado ao ver estas cenas, mostrando crianças sendo usadas como marionetes por adultos ignorantes que só fazem proliferar sua ignorância, além de criar nas crianças uma expectativa de "guerra santa". Revoltante, horrível, nojento. Se você tem sua crença, você tem todo o direito de professa-la sem que ninguém o incomode, mas fazer lavagem cerebral em crianças ou tentar empurrar sua crença goela abaixo é revoltante.


Ensinar seus filhos em casa: Bye, bye universidade

domingo, 8 de agosto de 2010

Interactive Zombie Movie

Este vídeo é na verdade um jogo interativo onde, de acordo com suas escolhas, você morre ou continua na história, criado por um grupo da Nova Zelândia chamado "Hell Pizza". Para quem gosta de histórias com zumbis (como eu) vai se divertir muito. Bem interessante a ideia e espero que venha mais, recomendo como passatempo, vi pela primeira vez no jacarabanguela. Eu acabei morrendo duas vezes: por causa da bola de boliche e da scooter. Veja se você consegue ir até o final sem morrer.



segunda-feira, 26 de julho de 2010

E o esporte que é bom.....

A Fórmula 1 deu neste domingo mais uma demonstração de que a modalidade está longe de ser um esporte. Mais uma vez a equipe Ferrari deu ordens a um de seus pilotos deixar o companheiro passar e mais uma vez, como um "good boy", um cachorrinho obediente, um brasileiro acatou as ordens e abriu passagem. Alonso não conseguia passar Massa mesmo estando mais rápido, então pediu uma "força" para a equipe que mandou Massa abrir. Para quem acha que isso é "normal", "legal" e não vê nada de errado parece não entender muito bem o que é um esporte, o que é uma competição. Que eu saiba, uma corrida serve pra premiar o melhor piloto, aquele que melhor se adaptou as condições da pista, o que melhor consegui desenvolver seu carro. Quando uma equipe, deliberadamente, manda um piloto abrir para outro, essa premiação do melhor não mais existe, e o esporte, a competição, vira um mero detalhe no meio de pensamentos nada esportivos e nada competitivos. Dizer que isso ajudaria no campeonato é uma besteira sem tamanho. Quer dizer que as equipes, quando estão nas primeira posições, são donas do destino do campeonato? Onde está esta regra? O certo então seria não haver mais campeonato de pilotos, assim atos como estes não mais se repetiriam. Dizer também que Massa fez isso pensando em seu emprego e blá, blá, blá é besteira também. Isso só mostra que o que mais interessa pra ele são os milhões e não o esporte, um esportista de verdade jamais aceitaria transformar o seu esporte em um jogo de interesses, ainda mais um esportista que ganahasse tão bem quanto o Massa ganha que com certeza não precisa se preocupar com emprego pro resto da vida, pois sempre haverá Stocks. É claro que existe estas manipulações em outros esportes. Jogos arrumados, máfias de loteria, entrega de jogo e doping, mas estas transgreções não ocorrem tão claramente quanto acontece na Fórmula 1, ou seja, todos sabem que isso é anti-ético, antidesportivo e criminoso e por isso fazem as escondidas, pois sabem que se forem pegos serão presos e taxados de tudo isso, pois os torcedores destes esportes não aceitam isso, já na F1, a coisa é tão clara que seus fãs já não vão mais ver um esporte, vão ver um circo onde os palhaços são eles.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Copa

Ainda vou postar aqui minha análise final da Copa, além de comparar o que eu disse lá em dezembro com o que aconteceu,assim que eu tiver tempo (leia-se: vontade). Aliás, nem sei porque to escrevendo isso, ninguém vai ler mesmo, mas enfim, está dado o recado.

domingo, 11 de julho de 2010

Ke Nako!

Acabou! Infelizmente a Copa acabou. Uma Copa que com certeza entrará para a história. Difícil saber do que vamos lembrar mais daqui há alguns anos. Tivemos tantos personagens dentro e fora de campo. Tivemos polvo Paul, o vidente; Larissa Riquelme, a musa da Copa; o renascimento da Celeste, o nascimento de um novo campeão; a consagração de heróis, a criação de vilões; erros grotescos de juiz, erros grotescos de goleiros, erros grotescos de jogadores; tivemos decepções, tivemos consagrações, tivemos surpresas; tivemos alegrias, tivemos tristezas; a Copa da África não foi da África, Gyan não fez o penalti, Yakubu perdeu o gol mais feito da história, mesmo com o Enyema salvando todas; a Copa América murchou e virou Eurocopa, e só não foi pior porque o melhor da Copa, Forlán, estava no Uruguai, e porque Suaréz decidiu entrar para a seleção de volei uruguaia; decepção brasileira, decepção argentina, fiasco italiano, fiasco (e barraco) francês, surpresa paraguaia, surpresa japonesa; zebra não faltou, teve suíça, teve neozelandesa, teve eslovaca e teve até sul-africana; frango também estava no cardápio, teve inglês e teve argelino; teve juíz que gostava de anular gols por anular (por vingança aos Yankees?) e teve juiz que validava tudo que via (fã de Maradona?); teve, como a frase do ônibus norte-coreano previu, 1966 again, mas não foi uma surpresa coreana e sim um jogo entre Inglaterra e Alemanha com um gol inglês que entrou e não valeu (diferente de 66 quando teve um gol inglês que não entrou e valeu, "estamos kits?"); teve Maradona, que queria 1986 again, teve Dunga que queria 1994 again, e teve o Uruguai que quase trouxe 1950 again; teve Thomas Muller revelação e artilheiro, Forlán melhor jogador e artilheiro e Villa campeão e artilheiro; teve vuvuzelas, jabulanis, ke nakos, wavin flags, waka wakas e Shakira até ninguém aguentar mais; teve briga com a imprensa, teve "algum problema?", teve "ah bom, pensei que tinha", teve "@$$#", teve "@@*%##" e muitas outras palavras de carinho citadas por nosso treinador, ajudando milhões de pessoas a aprenderem como tratar "bem" os outros; teve Maradona alegre e humorista nas entrevistas, teve Maradona chutando jabulanis com estilo só faltou ter Maradona técnico; teve 0X0, teve 1X1, mas também teve 3X2, 4X0 e até um 7X0; teve começo chato, teve mata matas emocionantes, teve final mais ou menos; teve gol contra e expulsão em um jogo apenas, com o mesmo jogador, teve "se eu quissesse quebrar eu quebrava" pra justificar e teve "eu avisei!"; teve câmeras pra todos os lados; tivemos musas nas arquibancadas, tivemos melecas como prato principal, tivemos cuspes, tivemos empurrões e tivemos até empedimentos marcados pelos olhos eletrônicos; teve choro na hora do hino; teve Nelson Mandela, teve Desmond Tutu, tivemos Reis, tivemos Rainhas, tivemos Presidentes e teve até Mick "pé frio" Jagger; tivemos lançes belíssimos, tivemos lançes bizarríssimos; tivemos golaços, tivemos gols nem tão "aços", tivemos gols que não foram marcados e não marcados que foram gols; teve briga com técnico, briga com auxiliar técnico, teve expulsão de jogador, teve xingamento em capa de jornal francês, teve "não vamos treinar" e teve até um gol, pra não dizer 2002 again; teve Uruguai X Gana emocionante e Paraguai X Japão maçante, teve Eslováquia X Itália legal, teve Brasil X Portugal chato, teve Eslovênia X Estados Unidos com muitos gols, teve França X Uruguai sem nenhum lançe bom; teve defesa de Cassillas, de Villar, de Muslera, de Kingson, de Eneyama, de Neuer, de Valladares, de Eduardo; teve erro de Gyan, teve erro de Cardozo; teve Forlán, Lugano, Suaréz, Schweinsteiger, Ozil, Muller, Sneijder, Villa, Cassillas, Xavi, Iniesta, Higuaín,, Tevez, Gyan, Ayew, Boateng, Honda; teve golaço de Tshabalala, golaço de Tevez, golaço de Villa, golaço de Ozil, golaço de Forlán, golaço de Van Bronckhorst, golaço de Luís Fabiano, mas esse foi um golaço de Handball; tivemos furadas, mas também tivemos vários outros chutes espetaculares; teve um time velho que achou que quatro estrelas no escudo bastavam, mas descobriram que só havia estrelas no escudo mesmo; teve gente com cinco já contando seis, teve gente com duas já contando três e teve gente sem estrela que agora já conta uma; teve técnico milhonário indo embora depois de 4X1, teve técnico que não era técnico indo embora depois de 4X0; teve jogador que ninguém dava nada sendo vice-artilheiro, teve Rooneys, Messis, Kakas, Ronaldos e Robinhos que as pessoas davam milhões que não fizeram nada; teve Eslovênia vencendo, teve Nova Zelândia invicta, teve França com um ponto, teve Itália com pior campanha da história, teve Brasil com o pior time desde 90, desde a "era Dunga", ou seja, 1990 again; teve festa da torcida, teve torcida feliz, teve torcida triste, teve torcida que não se importava e dizia "dane-se, estou na Copa!", teve cerveja de plástico e claro, tivemos muitas vuvuzelas; teve História, teve apartheid social, teve mendigos sumindo misteriosamente, teve cidade de lata, tivemos recordações amargas como massacre de Soweto, morte de Steve Biko e exílio, mas também vimos que os ventos da mudança estão soprando e que brancos e negros torciam pela África; tivemos show de abertura com Shakira, tivemos show de encerramento com Shakira, mas também tivemos um pouco da música de África, mas só um pouco, poderia ter sido mais; tivemos África do Sul, Uruguai, França, México, Argentina, Nigéria, Grécia, Coréia do Sul, Inglaterra, Estados Unidos, Argélia, Eslovênia, Alemanha, Gana, Sérvia, Austrália, Holanda, Camarões, Dinamarca, Japão, Itália, Nova Zelândia, Paraguai, Eslováquia, Brasil, Coréia do Norte, Costa do Marfim, Portugal, Espanha, Chile, Honduras, Suíça e mais de uma centena de outros países que ficaram nas eliminatórias; teve Johannesburgo, Cidade do Cabo, Durban, Porto Elizabeth, Pretória, Bloemfontain, Nelspruit, Polokwane e Rustemburgo; teve Soccer City, Ellis Park, Green Point, Moses Mabhida, Nelson Mandela Bay, Loftus Versfeld, Free State, Mbombela, Peter Mokaba e Royal Bafokeng; teve milhares nos estádios vendo (apesar do lugares vazios), teve bilhões assistindo (apesar de alguns não darem a mínima); teve um novo campeón, teve primeiro campeão europeu fora da Europa, teve primeiro campeão que perdeu a estréia, teve beijo na repórter namorada, teve Cassillas erguendo o troféu, teve Robben perdendo gol feito, teve juiz dando cartão demais, teve juiz dando cartão de menos, teve Iniesta na prorrogação, teve gol da Espanha, teve Espanha Campeã; teve Copa do Mundo, teve África do Sul, teve futebol. Infelizmente tudo isso ficou no passado. Teve tudo isso, não há mais. A próxima é só daqui a quatro anos, aqui, em terras tupiniquins. Esperamos que sejam tão agradáveis e cheias de boas recordações (e também com aquelas recordações nem tão boas mas que no fundo são, no mínimo, folclóricas). Esperamos que nós não tenhamos que pagar uma conta cara e esperamos também não ter que pagar a conta para a festa dos outros. Aguardaremos ansiosos a próxima Copa, mas é preciso fiscalizar pois nós é que iremos pagar tudo. Que os erros não se repitam, que os acertos sejam copiados e que 2010 fique em nossa memória como uma Copa memorável, inesquecível, cheia de personagens, imagens e cenas que iremos nos lembrar quando nos perguntarem no futuro. Se não foi a melhor Copa pelo menos foi uma Copa e eu posso dizer "essa eu vi!". Como o texto do Bono para a Copa diz "Não se trata de política, religião, terra, discriminação, (...) se trata de um mês, a cada quatro anos em que todo o mundo concorda em uma única coisa". Agora só nos resta esperar o próximo Ke Nako!