O problema não é chegar ao ensino superior, mas continuar até o fim do curso
O acesso à educação pública nem sempre é fácil. Para falar a verdade, para a maioria não é fácil, por isso muitos nem tentam fazer o vestibular. As condições econômicas muitas vezes são empecilhos para entrar e depois se manter na universidade. Essa foi uma das constatações da dissertação de Fernando Mesadri para o mestrado em Educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
A dissertação usou a história de vida de dois estudantes pertencentes a classes sociais mais baixas que estudam em faculdades particulares para ilustrar a situação de dificuldade de acesso e permanência na educação superior de estudantes provenientes de classes menos favorecidas economicamente. O que Mesadri percebeu com seu estudo é que mesmo quando essas pessoas conseguem chegar ao ensino superior, a manutenção se torna muito difícil.
Mesadri coloca em sua dissertação que “as desigualdades de acesso e principalmente a permanência na educação superior e a conseqüente aquisição do capital cultural se mostram evidentes quando a origem social do estudante carece de elementos e é menos favorecida. O direito ao ensino fundamental com qualidade implica também reduzir as acentuadas desigualdades no acesso aos níveis superiores. O privilégio conferido aos mais bem preparados, possuidores de meios favoráveis para cursar uma universidade pública ou privada e nela manter-se, conflita com a tímida atuação do governo na concessão de auxílio aos carentes sob a forma de bolsas de estudo. Há necessidade de muito mais! Livros, material escolar, refeição e condições de transporte são essenciais àqueles que tramitam no meio acadêmico e nele querem se desenvolver”, afirma o autor.
A conclusão a que o autor chegou foi que o ensino superior no Brasil nunca foi voltado para a formação da grande maioria da população e que os benefício sempre foram para as elites. O autor também fala sobre as políticas de inclusão adotadas nos últimos anos. Para ele ainda há muitos problemas. Sobre as cotas nas universidades públicas, Mesadri afirma que o grande problema é que não houve um aumento das vagas, mas uma divisão daquelas já existentes. Quanto ao Programa universidade para todos (ProUni), Mesadri se mostra um pouco desacreditado, pois as isenções para as instituições ainda são muito pequenas, não garantindo um ensino de qualidade. Por enquanto, ainda está difícil chegar ao ensino superior e mais difícil ainda permanecer.
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