Porque estudantes passam em um vestibular de universidade pública para desistir pouco tempo depois?
As universidades públicas têm passado por uma situação complicada nos últimos anos: a evasão. Por diversos motivos, estudantes começam a fazer um curso e depois de algum tempo ficam insatisfeitos com a escolha e acabam abandonando a universidade. “A sociedade como um todo paga para esses alunos estudarem na universidade pública”, diz a doutora Luciana Valore, que coordena a pesquisa “A dúvida quanto ao curso universitário: Uma análise institucional de discursos”, que visa compreender as causas que levam estudantes a abandonarem seus cursos.
O objetivo do estudo é fazer um perfil do estudante que decide desistir do curso que escolheu a partir de uma análise do discurso de universitários que querem sair de seus cursos. A pesquisa começou em de 2007 e irá até 2009. Foram feitas entrevistas com 25 alunos que estavam pensando em desistir ou trocar de curso. A pesquisa funcionou para esses alunos como uma reorientação profissional, para averiguar o motivo de sua falta de ânimo e possíveis saídas.
A partir de agora, Luciana irá fazer uma análise com base na psicologia para identificar se esta situação atrapalha a vida do estudante. “Iremos agora tentar identificar os efeitos que essa situação de dúvida traz para a auto–imagem e também como isso interfere em suas vidas sociais”, diz Luciana. Além disso, a autora avalia que é possível, a partir do estudo, tentar achar soluções. “O principal fator apontado pelos alunos é que o próprio curso cria essa evasão. Devemos pensar agora em como podemos melhorar o curso para evitar isso. A evasão é criada pelo curso e não apenas porque o aluno é imaturo. O curso não lhe dá uma motivação do ponto de vista de mostrar para ele como é de fato a profissão”, afirma Luciana. Para quem não desistiu da matéria, agora tem uma idéia do porquê da evasão.
Motivos apontados pelos entrevistados para a evasão
Formação universitária – o modo como o curso é constituído. Falta da relação entre teoria e prática.
Postura do professor – aulas muito expositivas, pouca dedicação dos professores e professores desmotivados.
Falta de ligação entre as disciplinas.
Grade horária – alguns cursos têm aulas em dois turnos, impossibilitando estágios.
Escolha feita em condições erradas – por pressão dos pais, pelo nome do curso ou por causa da pouca competitividade do vestibular do curso.
Reconhecimento social da profissão – alunos se deparam com uma outra realidade da profissão e questionam se ela terá futuro e valorização.
Desempenho acadêmico abaixo do nível esperado – em área de exatas, pessoas que iam bem no ensino médio acabam tirando notas baixas e perdem a motivação.
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