quinta-feira, 6 de agosto de 2009

“Não era bem isso que eu queria”

Porque estudantes passam em um vestibular de universidade pública para desistir pouco tempo depois?


As universidades públicas têm passado por uma situação complicada nos últimos anos: a evasão. Por diversos motivos, estudantes começam a fazer um curso e depois de algum tempo ficam insatisfeitos com a escolha e acabam abandonando a universidade. “A sociedade como um todo paga para esses alunos estudarem na universidade pública”, diz a doutora Luciana Valore, que coordena a pesquisa “A dúvida quanto ao curso universitário: Uma análise institucional de discursos”, que visa compreender as causas que levam estudantes a abandonarem seus cursos.

O objetivo do estudo é fazer um perfil do estudante que decide desistir do curso que escolheu a partir de uma análise do discurso de universitários que querem sair de seus cursos. A pesquisa começou em de 2007 e irá até 2009. Foram feitas entrevistas com 25 alunos que estavam pensando em desistir ou trocar de curso. A pesquisa funcionou para esses alunos como uma reorientação profissional, para averiguar o motivo de sua falta de ânimo e possíveis saídas.

A partir de agora, Luciana irá fazer uma análise com base na psicologia para identificar se esta situação atrapalha a vida do estudante. “Iremos agora tentar identificar os efeitos que essa situação de dúvida traz para a auto–imagem e também como isso interfere em suas vidas sociais”, diz Luciana. Além disso, a autora avalia que é possível, a partir do estudo, tentar achar soluções. “O principal fator apontado pelos alunos é que o próprio curso cria essa evasão. Devemos pensar agora em como podemos melhorar o curso para evitar isso. A evasão é criada pelo curso e não apenas porque o aluno é imaturo. O curso não lhe dá uma motivação do ponto de vista de mostrar para ele como é de fato a profissão”, afirma Luciana. Para quem não desistiu da matéria, agora tem uma idéia do porquê da evasão.

Motivos apontados pelos entrevistados para a evasão

Formação universitária – o modo como o curso é constituído. Falta da relação entre teoria e prática.

Postura do professor – aulas muito expositivas, pouca dedicação dos professores e professores desmotivados.

Falta de ligação entre as disciplinas.

Grade horária – alguns cursos têm aulas em dois turnos, impossibilitando estágios.

Escolha feita em condições erradas – por pressão dos pais, pelo nome do curso ou por causa da pouca competitividade do vestibular do curso.

Reconhecimento social da profissão – alunos se deparam com uma outra realidade da profissão e questionam se ela terá futuro e valorização.

Desempenho acadêmico abaixo do nível esperado – em área de exatas, pessoas que iam bem no ensino médio acabam tirando notas baixas e perdem a motivação.

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