Do que o rádio precisa para de fato comunicar-se com todos?
Entre as décadas de 1930 e 1950, o Brasil viveu o período chamado de “era de ouro do rádio”, quando os programas radiofônicos tiveram grandes audiências e eram a melhor opção de entretenimento da população. Com o advento da televisão, o rádio foi aos poucos perdendo a importância que tinha anteriormente, mas algumas características do meio permaneceram como vantagens para a divulgação de informações, o imediatismo (estar no local no momento em que o fato ocorre) e o fato de que qualquer um pode ouvir rádio enquanto faz outras coisas, como dirigir.
Mas será que esses fatores que beneficiam o radiojornalismo são usados pelas estações de rádio de Curitiba? A dissertação do professor da Universidade Positivo Luiz Witiuk, “Um olhar sobre o radiojornalismo de Curitiba”, tentou responder essa questão e ainda avaliar a qualidade da produção. A dissertação foi desenvolvida no curso de mestrado em Comunicação na Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Witiuk fez uma pesquisa para saber quais rádios davam importância para o jornalismo na cidade e descobriu que apenas quatro das 29 estações da cidade trabalham continuamente com a divulgação de notícias. “Das 29 emissoras, 17 faziam alguma coisa de radiojornalismo, mas apenas quatro tinham uma boa estrutura, com departamentos jornalísticos e programas informativos. Isso na época em que a pesquisa foi feita, entre 2006 e 2007”, conta Witiuk.
Na pesquisa feita nestas quatro emissoras (BandNews, CBN, Paraná Educativa e Clube Paranaense) o autor identificou que existem bons profissionais e uma boa estrutura, mas que, apesar disso, uma melhor integração com o público ouvinte era necessária. “O radiojornalismo em Curitiba tem uma certa presença e uma estratégia de ação, mas o grau de participação do ouvinte na construção da notícia é muito pequeno. Essa participação é valorizada apenas na produção, mas na fase da execução da notícia o ouvinte fica de lado”, constata Witiuk. O pesquisador propõe uma maior participação do público para que o rádio seja mais democrático.
Outra questão abordada na pesquisa diz respeito à inovação que o rádio precisa ter, investimento em inserções sonoras que não sejam apenas a voz e a produção de documentários nas estações curitibanas. “O documentário é um formato jornalístico que aprofunda a compreensão de um fato e aqui praticamente não temos isso”, afirma o autor. Outro quesito apontado por Witiuk é a necessidade de a rádio se comunicar com as comunidades, de falar sobre o cotidiano da população, para se aproximar do público. “A rádio precisa estar presente nas diversas situações da vida da população. O estúdio poderia sair de dentro da emissora e ir para um terminal, para uma comunidade e falar da realidade dela”, analisa.
Para resumir, o que o autor coloca é que é preciso uma ampliação da cobertura para que a população seja de fato bem informada. “É necessário uma abertura maior dos empresários da comunicação para a importância da informação e principalmente informações sobre o meio em que o público está inserido. Para isso, é necessário ampliar o quadro dos jornalista que cobrem a cidade e ousar mais”, analisa Witiuk.
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