por Rikardo Santana da Silva
O Brasil também teve uma direita fascista
Em 1930, o Brasil viveu uma revolução que pôs fim à chamada República Velha. Essa revolução colocou como chefe do governo provisório Getúlio Vargas. Após algumas mudanças, Vargas se tornou Presidente e ficou no poder até 1945. Esse período foi bastante conturbado, com crises econômicas e a 2ª Guerra mundial. Um pensamento político que se destacou na época foi o fascismo, que no Brasil teve uma vertente chamada de integralismo. Os integralistas eram contra os comunistas e os liberais e chegaram a ajudar Vargas em sua manutenção no poder.
Apesar de fazerem parte da história brasileira, essa direita fascista ainda era pouco explorada, pelo menos de acordo com Edgar Serratto, autor da dissertação em história pela Universidade Federal do Paraná “A ação integralista brasileira e Getúlio Vargas: Antiliberalismo e anticomunismo no Brasil de 1930 a 1945”. Serratto acredita que o período era mais definido. “A impressão que temos é que naquela época o mundo era mais idealizado. Era tudo bem claro, existia direita, existia esquerda coisa que hoje em dia a gente não vê mais”, lamenta Serratto.
Naqueles anos, Getúlio Vargas chegou a receber o apoio dos integralistas, com ajuda na elaboração do Plano Cohen, um documento que forjava uma tentativa de tomada de poder pelos comunistas, que levou à instalação do Estado Novo. Mas Vargas não apoiava esse movimento de direita, tanto que o colocou na ilegalidade. “Vargas queria, sobretudo, se manter no poder. Ele fazia discursos contra os liberais no início do seu governo, depois fez contra os comunistas e no final, quando o Brasil entrou na guerra, discursava contra os fascistas”, conta Serratto.
Essa análise mostra como os discursos do antiliberalismo e do anticomunismo tinham algo em comum, pois para os integralistas os comunistas eram semelhantes aos liberais, pois ambos tinham uma ideologia materialista. Esses discursos podem ser observados nas bibliografias dos principais integralistas brasileiros (Plínio Salgado, Gustavo Barroso e Miguel Reale) que foram estudados pelo autor.
A ascensão da direita fascista no Brasil (os integralistas chegaram a ter um milhão de filiados) ainda é pouco tratado hoje em dia, de acordo com o autor. “É uma coisa que faz parte da nossa história. Vargas flertava muito bem com essa direita, no entanto, a visão que se tem de Vargas é boa, e a daquela direita não, por isso é preciso ter um olhar mais cuidadoso sobre os assuntos. A política nem sempre é uma coisa superficial. Você não pode simplesmente jogar um discurso numa posição ideológica ‘x’, pois temos que parar para pensar em todo esse flerte que tem por trás e aprofundar todas essas questões”, diz Serratto.
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